02 março 2018

Entre assédio e sedução

Não tinha planeado voltar a este assunto tão cedo, mas o que é importante, é prioritário. Começando como acabarei: os abusos de poder são condenáveis e degradantes da condição humana, independentemente da origem e destino, mas recuso-me a ver aqui uma coisa típica e generalizada de homens contra mulheres.

É sobretudo a generalização que me irrita, na medida em que a banalização retira importância ao que realmente é importante. Custa-me a acreditar nas estatísticas de que “todas” as mulheres já sofreram assédio, uma em cada duas ou três, agressão, donde que um em cada dois ou três homens são agressores efetivos… !?

Sendo consensual que assédio é condenável e tentativa de sedução não, há aqui potencialmente um desalinhamento quanto à interpretação destes conceitos. Questões culturais! Num metro de Londres pode ser ofensivo fixar olhos nos olhos, numa rua do Cairo há quem ache normal agarrar a nádega da mulher que passa sozinha na rua.

Como estas coisas das diferenças culturais não são sempre fáceis de identificar, ainda por cima em sociedades cada vez mais multiculturais, acho que de devia criar um código, não necessariamente com identificação na lapela, que definisse essa fronteira para cada um(a). Haveria pessoas para quem um olhar de mais de dois segundos de duração é intolerável, outras para quem olhar, sorrir e chamar bonita será aceitável e até simpático.

Para concluir: abusos de poder são degradantes da condição humana, independentemente da origem e destino. Historica e estatisticamente as mulheres sofreram mais, sim. No entanto, sem rigor e seriedade, não se corrige, pelo contrário: desvaloriza-se ao equiparar coisas que não são comparáveis.

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