04 novembro 2015

Esta quarta via…

Entre a saída da cena mediática de Varoufakis e a entrada fulgurante de A. Costa, poucos deram atenção à chegada do Sr. Corbyn à liderança do Partido Trabalhista Britânico, apesar de este anunciar a intenção de taxar pesadamente os bancos, renacionalizar os caminhos-de-ferro, sair da NATO e outras excentricidades. De realçar que isto não ocorre num país mediterrânico de calores e fulgores.

Quem alimenta e acredita mesmo nesta esquerda neomarxista, uma espécie de “quarta via”, que mais parece um baralhar e tornar a dar uma das antigas, já expirada? Estarão as classes trabalhadoras a pedir um ataque cerrado ao capital e renacionalizações? Não me parece. Uma boa parte sabe que o capital é necessário para criar riqueza e emprego e terão até mais aversão a políticos corruptos e incompetentes do que a patrões.

Afincadamente e assumidamente neste registo, vejo aqueles teóricos, que, do alto das suas torres de marfim, especulam sobre as dinâmicas sociais, sem nunca terem pisado as pedras da calçada. Pretendem tudo entender e assumem uma missão superior de mostrar o caminho ao povo, mas sem este chegar muito perto, pode cheirar mal…

Algum apoio de base irão busca-lo aos desiludidos, indignados, chocados com a falta de perspetivas e as enormes injustiças no mundo. É perfeitamente legítima e justificada essa vontade, pedindo-se novos políticos, mais do que novas políticas. No entanto, não é necessário, nem eficaz que os novos políticos (ou os antigos recauchutados) se queiram diferenciar pela radicalização. Faz-me lembrar aqueles que, quando são sabem bem o que fazer, desatam à patada. Este discurso não passa, pois, de uma perigosa deriva populista. A metamorfose do Syriza já veio provar os limites dessa suposta quarta via. As patadas deixam marcas e pobres daqueles que as acham virtuosas.

Sem comentários: