01 setembro 2015

Conforme o dia da semana

Na guerra de Raúl Solnado, havia um único avião, partilhado com o inimigo. Uns bombardeavam às segundas, quartas e sextas e os outros às terças, quintas e sábados. O Médio Oriente é um pouco semelhante, mas em drama, não em comédia. Por exemplo, o Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA) uns dias é atacado pelos Ocidente e Monarquias do Golfo, pela ameaça que representa; nos outros dias, a coligação sunita liderada pela Arábia Saudita e com o apoio tácito dos ocidentais bombardeia os houthis xiitas, deixando o AQPA ocupar o terreno completamente desestruturado (libertado?) no Iémen. A Turquia ataca o chamado estado Islâmico (EI) uns dias e, noutros dias ou no mesmo dia até, bombardeia os curdos no Iraque, principais opositores ao EI no terreno…

Como consequência destes jogos há gente que morre e gente que foge. Vemo-los tentar chegar à Europa por centenas de milhares. Toda a gente é sensível aos dramas diários e muitas vozes se levantam pedindo mais solidariedade e acolhimento sem restrições, principalmente enquanto o fenómeno não afetar o seu quintal. Receio bem que essas posições sejam alteradas se virem nascer uma nova Addis-Abeba nas traseiras das suas casas.

A Europa tem uma capacidade limitada de receber refugiados tanto do ponto de vista económico, visível a curto prazo, como cultural, com efeitos a mais longo prazo. Se esta pressão não for limitada à escala tolerada pelas populações, a consequência será o agravamento da xenofobia.

Continuar a permitir/tolerar e a participar direta ou indiretamente em guerras às segundas, quartas e sextas e lamentar a sorte dos refugiados às terças, quintas e sábados é comédia de mau gosto!

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