10 setembro 2015

Entre o pelo do cão e o cujo da galinha.

Para lá dos truques e tricas, se um individuo se inclinou para a frente e o outro para o lado, do pouco que se disse e do tanto que passou ao lado, no final do debate entre P. Coelho e A. Costa, fica a visão de uma diferença fundamental entre os dois caminhos apontados.

Independentemente da justeza e da bondade dos critérios, a coligação propõe vivermos com o que temos e gastar mais quando houver mais; o PS acha que podemos já gastar mais e o dinheiro há-de aparecer. De uma forma simplista, em linguagem mais prosaica, a coligação propõe crescermos com o pelo do próprio cão e o PS acredita que vai haver ovo no cujo da galinha. Só que, o pelo do próprio cão pode não ser suficiente e a performance poedeira das galinhas nem sempre é previsível.

Obviamente que o resultado depende tanto da natureza das estratégias como da competência de quem as executa. O balanço destes 4 anos é positivo, mas numa escala pequena e insuficiente para convencer uma parte do eleitorado. O PS apostando no crescimento induzido pelo consumo, com mais algum molho à mistura, assusta muita gente. Não é bem igual à política voluntariosa anticrise pré-troika, mas pode dar o mesmo resultado. Não conheço nenhum contexto semelhante ao nosso em que isso tenha sido feito com sucesso. Proferir um vade retro Satanás à “austeridade”, sem conseguir transmitir segurança quanto a como se vai reequilibrar a balança recorda, fatalmente, a experiência grega recente.

Sem comentários: