23 setembro 2015

Ambiente de negócios

Quando em 1976 o Concorde iniciou os seus voos comerciais, foi proibido de aterrar nos EUA por questões ambientais. Curiosa a sensibilidade para o tema neste país, que, por coincidência, não tinha conseguido pôr a operar o Boeing SST, o seu avião comercial supersónico.

Na Europa, bastante sensível ao custo dos combustíveis, cerca de metade dos automóveis são “diesel”, um tipo de motorização praticamente ignorado pelos construtores americanos. Por coincidência, os limites de emissões permitidas para estes motores são muito mais apertadas nos EUA do que na Europa.

Se alguns construtores europeus conseguiram cumprir essa norma, a VW resolveu aldrabar. Instalou um sistema que detetava a situação de laboratório para alterar a gestão do motor e reduzir as emissões, apenas nessa fase. Enganar mais de 400 000 consumidores e uma agência governamental, e logo nos EUA, foi uma temeridade que vai custar muito, muito caro.

Os condutores que acham que o seu veículo consome mais do que o anunciado pelas marcas, podem também registar que não são casos únicos e que a tendência é piorar. É curiosa a evolução desse desvio no estudo “From Laboraty to Road” do ICCT de Setembro 2014: de 8% em 2001 para 38% em 2013. Considerando que os hábitos de condução não mudaram significativamente, os valores anunciados estarão cada vez mais otimistas… e irrealistas.

O impacto ambiental do automóvel é demasiado relevante para ficar à mercê de manipulações. Este escândalo da VW é demasiado grave para morrer no castigo de meia dúzia de engenheiros. Será suficiente para abalar e modificar a cultura desonesta que o permitiu…?

Sem comentários: