05 agosto 2015

Querido mês na terra


É apenas um mês, talvez nem completo, mas é muito e é pouco. Muito em importância. Seja no interior abandonado, seja na grande metrópole; seja gente que trabalha com as mãos, a quem se chama emigrante, seja gente mais formada, e a quem se chama expatriados, o apelo de vir cheirar a terra natal é muito forte. E é pouco, porque o tempo planeado para estar com a família, reencontrar amigos, rever o sol e o mar, a comida cá feita e, tantas vezes, colocar a respirar uma casa hibernada é sempre curto.

Por muito que se maldiga a desdita nacional, que se desdenhe a nossa sorte e se questione o sentido do nosso fado, Portugal é uma terra e um valor querido que emociona os seus. Nem sempre é fácil a chegada. Aquela palavra fora de sítio, eventualmente apenas escapada clandestina, mas que, para quem a ouviu, foi uma picada infeliz e parva. E há a noção de que faltaria um pouco de vontade para fazer um mundo de caminho e o país continuar a ser o mesmo, mas completo. Sem ser necessário voltar a fechar a casa no fim de Agosto, nem esperar pela reforma para a gozar a tempo inteiro.

Se o mundo é cada vez mais global, os mesmos produtos encontram-se em todo o lado, as facilidades de comunicação encurtam (algumas) distâncias, este pedaço de terra continua a ser nosso e único. Podem chamar-lhe nostalgia retrógrada, podem até culpar esse espírito por parte do atraso que sofremos. Eu não concordo. Identidade forte pode e deve ser uma vantagem. Penso também que esse sentimento é muito mais claro para quem já fez a experiencia de ter apenas um querido mês na terra. Sejam bem-vindos.

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