02 agosto 2015

Na rota de um deus pagão


Foi da pena do saudoso João Aguiar que me chegou a primeira referência ao Deus Endovélico. Aproveito para abrir um parêntesis e repetir o que já disse aí atrás. Foi um grande escritor, de quem eu li o pleno dos seus romances, e sempre com vontade para mais.

Porque a nossa história, o nosso passado e raízes, não se fazem apenas de reis e outras gentes, entendo que os Deuses não devem ser ignorados, para lá da relação de fé que se possa ter, ou não, com cada um. Os lugares sagrados têm algo intrínseco que ultrapassa os contextos espirituais concretos. Não é por acaso que, tantas vezes, vários credos se vão sucedendo no mesmo local.

Em tempos visitei pela primeira vez o lugar suposto do grande templo, significativamente hoje chamado de S. Miguel da Mota. Já nada resta de material, mas sim uma certa forma de respirar a paisagem, sintomática de ser um dos tais lugares sagrados.

Mais recentemente fui à Rocha da Minha, supostamente um local de culto do mesmo Deus, mas mais antigo e menos civilizado. Situada numas caprichosas curvas da ribeira de Lucefécit (que nome este… !), ela quase desenha um ómega no centro do qual está o santuário. É um sítio forte, que nos agarra. Fiz um voto de lá voltar. Quando a ribeira de nome mágico tiver água correndo, quero subir à fraga e ver aquela corrente circulando em torno de mim, seja qual for o Deus invocado.

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