05 agosto 2014

Duas sem três

O escândalo do BPN provocou muita estupefacção e pedia uma certeza: deveria ser impossível voltar a ocorrer algo idêntico.

O caso do BES tem semelhanças e diferenças e levanta muitas interrogações. Como é possível um banco e até de dimensão superior, voltar a cair desta forma, quando supostamente toda a gente estava atenta e avisada? O que falta fazer para não haver um terceiro? Há escassas semanas havia “garantias” de que o banco estava protegido dos negócios do grupo e de que também não haveria utilização de dinheiros públicos. Hoje sabe-se que afinal os 2 mil milhões não chegaram e que vai ocorrer uma importante participação pública, se bem que em empréstimo, à partida reembolsável. Actualmente, “garante-se” que a prazo o Estado sai sem custos, mas … que se dizia no dia a seguir à nacionalização do BPN?

Algumas questões ainda. Os 2 mil milhões não chegaram porque havia mais 1,5 mil de esqueletos nos armários. No entanto, os fundos mobilizados para resolver esse problema não são esses 1,5 mil de diferença, mas quase 5 mil milhões! Que parcela me falta nesta minha conta? Depois, aparentemente, esses novos cadáveres estavam fresquinhos nos armários; tinham sido para lá levados recentemente, quando tal se encontrava já formalmente proibido pelo Banco de Portugal. Para lá do que isso representa como qualificação dos responsáveis, não são reversíveis? Não configura uma espécie de falência fraudulenta em que os movimentos da véspera podem ser anulados?

Só me resta esperar que a tal separação no detalhe entre banco bom e mau, seja suficientemente rigorosa e corajosa. Quanto aos investidores que perderem, de recordar que ganhar na Bolsa não é garantido. Se foram vigarizados só têm que processar os vigaristas. Mal estaríamos se todos os contos do vigário fossem objecto de apelo ao erário público.

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