Aquilo que era impensável, tabu e até fora de discussão sequer, um país da zona euro abandonar a moeda única, começa a ser falado e repetido com insistência para vários membros, incluindo para o nosso país. Quanto à viabilidade teórica do processo em si, nada a apontar. Não há nenhuma razão transcendental para ser irreversível. No entanto, na contextualização habitualmente apresentada para a questão, está a ser-se demasiado simplista quanto ao seu verdadeiro significado. Suponhamos que Portugal sai do Euro porque a divisa está a ser gerida de forma pouco adequada à nossa especificidade económica. Se isto é assim tão inócuo e desdramatizado, deveremos também aceitar que um dia mais tarde Bragança queira sair do escudo e adoptar um brigantino porque a política definida para o escudo por Lisboa, não é aquela que melhor se adequa ao seu contexto? Claro que não. Lisboa tem obrigação de seguir uma política que concilie os interesses de todo o país. Assumir que o Euro não está a ser gerido por Bruxelas (ou Berlim) de uma forma equilibrada para toda a zona Euro, é desresponsabilizar esses decisores do dever de olhar para o todo e não apenas para o seu interesse individual e, como consequência, assumir que o projecto Europeu acabou. Iniciar um caminho que termina com um brigantino em cada cantinho (e desculpem-me os verdadeiros brigantinos por esta utilização da palavra) é ficarmos todos a perder.
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