21 junho 2006

A marca Portugal



Ainda não terão passado dois meses sobre a publicação do estudo de mercado da TNS sobre “O Poder de Sedução de Portugal”, que concluiu que 85% dos Portugueses não se sentiam envolvidos com Portugal. Na altura foi o delírio para os arautos da mediocridade nacional. Tiveram um argumento científico para hastear alto a sua bandeira miserabilista, arrasar os ânimos e tentar atirar o pessoal todo para o sofá da psicanálise da identidade e da viabilidade do país.

No fundo, são os mesmos impotentes demitidos que acham que a solução do nosso problema económico passa pela anexação a Espanha e exactamente na mesma linha dos que defendiam, há 200 anos, que a modernidade nos seria trazida pelas tropas de Napoleão, na mesma altura em que estas entravam no país a saquear tudo o que encontravam.

Menos de dois meses depois dessa constatação, temos o Mundial de Futebol, o entusiasmo com a selecção e o festival das bandeiras. Pode discutir-se se é a forma mais salutar de alinhar a identidade nacional mas prova claramente que a “marca” não corre risco de extinção. Seria interessante, e talvez um quebra-cabeças, tentar reescrever as conclusões desse estudo agora. Este povo é mesmo de muito difícil leitura, não é?


Nota em 26/06/2006, após o Portugal-Holanda: Continua aqui

2 comentários:

Titá disse...

Sem dúvida que o é?
Ou talvez não. Talvez não saibam ler este povo. Afinal como poderiamos estar envolvidos com um país que atravessa tamanha instabilidade económica? Como poderiamos sentir seduzidos por um país, em que o futuro se advinha tão dificil?
Mas como sempre, como a história já o provou, na hora H erguemos os punhos...neste caso...hasteamos bandeiras (ainda que nem sempre correctamente hastedas), mas isso já seria outra história, não é?

APC disse...

Sim, que este povo é de muito difícil leitura! (adoro concordar contigo!:-)
E sim, é muito discutível que essa "bandeirice" toda seja a forma mais salutar de alinhar a identidade nacional (tás mesmo a ver onde vou chegar, né?)
Mas esse forçar de um patriotismo às três pancadas é uma treta! Interessa que em qualquer lugar do mundo as pessoas possam ter acesso a uma vida digna e feliz, independentemente da bandeira. Daí que em cada lugar se deva fazer por isso e cada economia deva usar de ferramentas e estratégias próprias, ora numa óptica de preservação de fronteiras e mercados, ora no sentido das parcerias, dos intercâmbios e dos casamentos inter-pátrias se preciso for, e sem detrimento para a riqueza cultural de cada país.
A filosofia do casulo entristece-me. Visto à lupa do portuguesinho, como não se há-de perceber que os de Barcelos queiram parir em Barcelos? Com óculos excessivamente lusos, haveremos sempre de achar que o outro é "estrangeiro", e não Humano!