01 junho 2006

A Dimensão da GM de Azambuja

Surpreendeu-me o recente desenvolvimento deste assunto. Para a dimensão da fábrica da Azambuja e o nível de problemas globais da GM, esperava uma decisão de fecho seca e irrevogável, como tem sido habitual no sector. Ao contrário, são apontados uns redondos Eur 500 por veículo em desfavor da fábrica portuguesa, sem detalhe nem identificação da base de comparação. Não acredito que faltem dados à GM para decidir. Se não avançou com a decisão definitiva é porque há jogo para fazer.

Mas, aqui, convém ver com cuidado se esta fábrica pode mesmo ser estruturalmente competitiva . Ao que apurei na imprensa Espanhola, a sua concorrente interna de Saragoça produz 1700 carros/dia e poderá absorver sem grandes dificuldades os 300 carros/dia da Azambuja. É uma diferença de escala enorme. Se a dimensão da Azambuja está condenada, não vale a pena pensar em apoios paliativos que só adiem o irremediável.

Sendo definida a dimensão mínima de sustentabilidade, o crescimento para esse nível deveria se condição a impor. Agora, será que a GM joga esse jogo? Serão 500 Eur por veículo suficientes para isso?

2 comentários:

Anónimo disse...

À semelhança da VW-Autoeuropa, a GM usa os postos de trabalho como "arma de arremesso", forçando o Governo a negociar incentivos sob pressão ... muito ao estilo "My way or No Way". Será isto negociar ou simplesmente chantagear?

Parabéns pelo Blog!
Um abraço,
RMagalhães

Carlos Sampaio disse...

Ricardo

Esta tua intervenção foi uma surpresa agradável…!
(E obrigado pelas felicitações.)

Uma negociação é sempre, em boa parte, um jogo de forças e em que quem tem argumentos mais fortes se impõe. Indispensável é desmontar os “argumentos falaciosos” que tragam à negociação factores de distorção.

Sendo verdade que o “argumento dos postos de trabalho” tem um peso político muito grande, o importante será que, caso o governo português “vá a jogo”, entenda bem os objectivos e os argumentos da GM. E, se der algo, deixa-los amarrados para não ter que repetir a partida dentro de meia dúzia de meses e a partir exactamente do mesmo ponto.

Fundamental é entender exactamente o que está em jogo. Se é uma viabilização da fábrica a médio prazo ou um simples subsidio à produção a curto prazo.