O que há de comum entre Manuel Alegre e Jean-Marie Le Pen?
Nas últimas eleições presidenciais francesas, Le Pen passou à segunda volta excluindo um candidato de um partido “oficial”, concretamente Leonel Jospin do Partido Socialista. No dia 22 de Janeiro Manuel Alegre não passou à segunda volta por uma unha negra e ultrapassou claramente o candidato oficial do Partido Socialista. Ambos se apresentaram como exteriores ao “sistema” partidário oficial de poder. Continuar com este paralelismo pode ser insultuoso para Manuel Alegre e para Portugal. Ainda bem que o voto de protesto português cai num poeta e não num xenófobo truculento e mal educado. Além de que continuo sem perceber como o PS foi incapaz de entender que Mário Soares era definitivamente do passado.
Por trás desta “revolta” do eleitorado estão razões diversas e é perigoso vê-las misturadas. Uma coisa é o protesto justo contra os que se governam, fingindo que nos governam. Contra os jobs dos boys. Contra os “jotinhas” promovidos a ministros desconhecendo que existe vida para lá dos aparelhos partidários. Contra os tráficos de influência. Contra o delapidar dos dinheiros públicos e por aí fora.
Outra coisa é o protesto pelo aumento da idade de reforma, contra o fim das carreiras automáticas e contra um conjunto de coisas aritmeticamente justificadas e necessárias para não hipotecar mais o futuro dos nossos filhos. Este segundo protesto não faz sentido. Não podemos insistir cegamente em termos sempre uma fatia crescente do bolo quando o bolo total, em vez de crescer, está a mingar.
Misturar estes dois protestos bloqueia a realização das acções necessárias e é extraordinariamente perigoso e fonte de perigosa deriva. Obviamente que, enquanto os políticos oficiais não nos convencerem da sua seriedade, os protestos m
isturar-se-ão.
No passado dia 23 de Janeiro passei a escassos quilómetros do campo de Bergen-Belsen. A temperatura ambiente era de -8ºC e recordei o enorme frio que senti quando o visitei, apesar de ter sido em Julho. Aquele espaço de chumbo foi só o limite, e acreditamos que não passível de repetição, da deriva que tomou conta da Europa depois da crise dos anos 30. É certamente abusivo evocar um campo de concentração nazi a propósito do resultado das eleições presidenciais portuguesas com. Relativamente às francesas e a Le Pen, já nem tanto…
O problema das derivas é que sabemos quando começam mas não sabemos quando nem como acabam.
Nas últimas eleições presidenciais francesas, Le Pen passou à segunda volta excluindo um candidato de um partido “oficial”, concretamente Leonel Jospin do Partido Socialista. No dia 22 de Janeiro Manuel Alegre não passou à segunda volta por uma unha negra e ultrapassou claramente o candidato oficial do Partido Socialista. Ambos se apresentaram como exteriores ao “sistema” partidário oficial de poder. Continuar com este paralelismo pode ser insultuoso para Manuel Alegre e para Portugal. Ainda bem que o voto de protesto português cai num poeta e não num xenófobo truculento e mal educado. Além de que continuo sem perceber como o PS foi incapaz de entender que Mário Soares era definitivamente do passado.
Por trás desta “revolta” do eleitorado estão razões diversas e é perigoso vê-las misturadas. Uma coisa é o protesto justo contra os que se governam, fingindo que nos governam. Contra os jobs dos boys. Contra os “jotinhas” promovidos a ministros desconhecendo que existe vida para lá dos aparelhos partidários. Contra os tráficos de influência. Contra o delapidar dos dinheiros públicos e por aí fora.
Outra coisa é o protesto pelo aumento da idade de reforma, contra o fim das carreiras automáticas e contra um conjunto de coisas aritmeticamente justificadas e necessárias para não hipotecar mais o futuro dos nossos filhos. Este segundo protesto não faz sentido. Não podemos insistir cegamente em termos sempre uma fatia crescente do bolo quando o bolo total, em vez de crescer, está a mingar.
Misturar estes dois protestos bloqueia a realização das acções necessárias e é extraordinariamente perigoso e fonte de perigosa deriva. Obviamente que, enquanto os políticos oficiais não nos convencerem da sua seriedade, os protestos m
isturar-se-ão.
No passado dia 23 de Janeiro passei a escassos quilómetros do campo de Bergen-Belsen. A temperatura ambiente era de -8ºC e recordei o enorme frio que senti quando o visitei, apesar de ter sido em Julho. Aquele espaço de chumbo foi só o limite, e acreditamos que não passível de repetição, da deriva que tomou conta da Europa depois da crise dos anos 30. É certamente abusivo evocar um campo de concentração nazi a propósito do resultado das eleições presidenciais portuguesas com. Relativamente às francesas e a Le Pen, já nem tanto…
O problema das derivas é que sabemos quando começam mas não sabemos quando nem como acabam.
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