12 janeiro 2006

O saxofone no dia-a-dia

Conheço pessoas que só conseguem ter ritmo quando estão atrasadas. Que só se conseguem levantar da cama quando já passou a hora limite e, desta forma, começam o dia já atrapalhados com o relógio.

Conheço pessoas que têm uma capacidade incrível de fazer tudo na ponta final. Nem que seja com directas. Em que a adrenalina do “tem que ser, agora ou nunca”, é o que lhes alimenta a capacidade de realização. Em que a angústia da falha eminente é o principal factor mobilizador.

E mais…, ou pior! Conheço pessoas que gostam de ser assim e têm gozo em passar por esses apertos. É muito mais emocionante atravessar uma corda sem rede por baixo ou andar de moto sem capacete. Não se pode mesmo falhar! E é sem dúvida notável conseguir o “quase-impossível”.

Por vezes, “pegar no saxofone” e improvisar pode dar um resultado mais interessante do que o de muitas horas de estudo de partitura. Também tenho claras na memória situações em que a autoconfiança, quanto à capacidade de agarrar “saxofone” e andar para a frente, me permitiu sair de sérios apuros, quando algo de imprevisto ocorreu.

Agora, o que me parece absolutamente desnecessário é entrar em apuros quando um bocadinho de auto-disciplina seria suficiente para os evitar como, por exemplo, simplesmente acordar quinze minutos mais cedo. Viveríamos num país muito melhor se guardassemos o saxofone só mesmo para as necessidades.

2 comentários:

mnica ;* disse...

como gostaria que o meu chefe não vivesse de saxofone na mão...
ou tentar evitar pegar nele...

(isso faz com que tenha vontade de o despedir! mas não se pode despedir o Patrão...)

Anónimo disse...

Parece-me que são as mesmas pessoas que confundem disciplina com ditadura!

AMP