17 outubro 2005

Sinistralidade rodoviária. Legislação ou formação?

De acordo com os números divulgados recentemente, o novo código da estrada fez aumentar as multas mas não diminuiu a sinistralidade. Para mim, isto não constitui surpresa. Creio que uma boa parte do problema não está na legislação mas sim na formação e na consciencialização.

Por exemplo, muitos acidentes graves por despiste em IP’s de montanha, são provocados por simples inaptidão e falta de preparação dos condutores. Não sabem conduzir. Não sabem que naqueles declives, em piso molhado, uma travagem fora de sítio ou um golpe de direcção podem ser suficientes para desequilibrar o automóvel, mesmo não estando em excesso de velocidade. E isso não se resolve com legislação.

Outro exemplo sintomático, é a utilização dos coletes reflectores. O pessoal até aderiu bem e acha “catita” envergar o dito cujo, até mesmo nas costas do banco. Mas.... quantas vezes se vê a família à volta do carro; o condutor com o colete obrigatório e os demais sem colete, porque não é obrigatório. Já me ocorreu ver um colete a mudar um pneu quase completamente escondido por pares de pernas em redor. Estranhamente, o pessoal não sabe, nem pensa, que, se o colecte é obrigatório, é porque é extremamente perigoso estar no exterior do automóvel, na estrada, e, se for mesmo necessário estar, o colete ajudará a ficar mais seguro.

Aprender a conduzir, no léxico oficial, equivale a saber de cor pesos, dimensões e outras coisas de utilidade muito questionável relativas a veículos que nunca se conduzirão. A perícia na condução é medida pela capacidade de estacionar e fazer inversão de marcha sem tocar no lancil do passeio. Depois, há os que são melhores ou piores autodidactas; que têm maior ou menor sensibilidade; que têm sorte, ou não.

As revalidações da carta de condução são meras formalidades administrativas. Que tal um pouco de formação contínua obrigatória?

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