09 setembro 2015

Não é cedo para o discutir


As imagens dos refugiados (ou emigrantes) a recusarem a ajuda oferecia por causa da cruz vermelha nas caixas choca, sobretudo pela forma. A uns metros de distancia eles detetam a cruz e recusam-na de forma hostil. Não tentam sequer entender ou dialogar. A Cruz Vermelha não é uma organização confessional e não estava ali a entregar bíblias. A sua cruz é derivada da bandeira Suíça.

Como devemos lidar com estas posições de quem por cá chega de outros credos? Irão recusar frequentar uma escola ou entrar numa instituição pública que por uma razão histórica tenha uma cruz algures gravada no edifício? Iremos esconder tudo o que possa chocar, como na catedral de Santiago de Compostela, onde os mouros aos pés do apóstolo já foram encobertos com flores? Iremos proibir as referências à quadra natalícia em todos os serviços públicos e, por exemplo, acabar com as festas de Natal nas escolas? Irão as autarquias deixar de promover presépios e pinheiros de Natal e “esterilizar” as iluminações das ruas na quadra respetiva?

Não sou crente, mas acredito que as referências fundamentais culturais não devem ser apagadas, sejam elas quais forem. Os migrantes que chegam deveriam ler os livros de história do seu país de acolhimento e não os rejeitar altivamente, apenas por lá estar uma cruz. Devem saber o que é/foi o cristianismo para melhor entenderam onde estão. Seremos todos mais felizes assim. Devem-se inserir-se nos valores existentes onde, por exemplo, a violência doméstica não é um assunto estritamente doméstico. Não é cedo para falar disto porque o tarde corre o risco de ser tarde demais.

Nota adicional em 2015/09/10: De acordo com uma notícia que posteriormente me chegou (ver comentário) o motivo da recusa dos refugiados pode não estar relacionado com a cruz nas caixas. De todas as formas, acho que a questão da integração destas novas culturas, que tendem a marcar fortemente a sociedade em que se inserem, continua de atualidade. Esta introdução é que pode não servir…
A parte da catedral de Santiago não tem dúvidas. Vi, registei e comentei aqui

2 comentários:

Anónimo disse...

Boa tarde
Já li que a recusa de comida por parte dos refugiados tem uma explicação diferente:
Aconteceu na fronteira Grécia/Macedónia, onde estavam há 3 dias e tratar-se-ia de um protesto por não poderem entrar na Macedónia. (ver link abaixo).
Não é que considere este facto muito relevante, mas " o seu a seu dono".

http://expresso.sapo.pt/internacional/2015-09-10-Seis-mitos-sobre-os-refugiados

Cumprimentos

Carlos Sampaio disse...

Boa noite

Obrigado pela informação.

Estive a averiguar o tema por várias fontes e confesso que não fiquei 100% convencido, nem para um lado, nem para o outro. Vou, por precaução, assumir então que a notícia inicial está errada.

O texto não é devido nem se justifica apenas por esse caso pontual. O facto de ele eventualmente não existir não anula o desenvolvimento seguinte. Conhecendo o meio, acho perfeitamente plausível uma reacção desse género e penso que a questão se mantém.

Cpts

Carlos Sampaio