Já aí para trás falei do que foi para mim o 25 de Abril, nos meus 10 anos. Não o vou repetir. Vou apenas, talvez, provocar um pouco; não assino por baixo do “25 de Abril sempre”. Os objectivos de Abril: derrubar um regime podre e que apodrecia o país, instaurar a democracia, acabar com a guerra colonial, estão cumpridos. É uma data histórica, muito bonita, mas fechada. É com tristeza que vejo uma espécie de tentativa de apropriação da data; um pouco como alguns se tentaram apropriar do pós-revolução até à surpresa (ou não) das eleições de 1975. Entristece-me ver hoje a imagem do 25 de Abril ser assim “sectarizada”!
Está tudo bem e perfeito hoje: não! Mas a solução não passa por outro 25 de Abril nem por rechamar o original. Os problemas que temos hoje não enfermam fundamentalmente da natureza do regime; são devidos às deficiências das pessoas que têm o poder. Não precisamos de mudar o regime com chaimites na rua. Necessitamos de colocar as pessoas certas no lugar certo, de responsabilizar, de julgar e condenar os desvios, de sermos exigentes com todos e connosco. É uma batalha pela mudança de mentalidades. É um esforço que deve ser colectivo, o mais amplo possível e nunca, nunca, “sectarizado”… tal como o 25 de Abril original não o foi!
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