17 março 2015

Sem partilha

Duma época em que era uma luta conseguir ter dois computadores a partilharem a mesma impressora, passamos a um tempo onde o simples ligar um telemóvel ao pc pode desencadear o envio automático de fotografias, e sabe-se lá que mais, para um servidor nubloso, que nem sabemos bem o que é nem onde está.


A facilidade e a banalização da circulação da informação significa que os nossos dados estão tão resguardados como o interior de uma casa com paredes de vidro. Muitas vezes não temos a noção disso, mas o conteúdo dos nossos computadores é quase público. Basta alguém querer e ter um pouco de jeito.

Daí, aquelas teorias da conspiração duma entidade encomendar uma impressora, uns serviços secretos interceptarem a entrega, inserirem lá uma “coisa” e esta depois enviar para o quartel- general do inimigo cópia de todos os documentos impressos. Ou, noutra escala, o querido oferece à querida (ou vice-versa) um telemóvel armadilhado com um programinha que lhe envia cópia de todos os sms trocados pela cara-metade…

Dizem haver serviços sensíveis que encomendam máquinas de escrever mecânicas, das antigas, para terem a certeza absoluta que não saem cópias não autorizadas. Não tenho a certeza de ser necessário ser tão radical, mas aparentemente as máquinas mecânicas estão a vender bem (melhor do que antes). Para lá do charme da nostalgia, há outro argumento curioso. No PC escrevemos numa janela e temos outras abertas por trás, que nos enviam sinais e com as quais facilmente dividimos a nossa atenção. Na máquina mecânica há uma relação exclusiva com o papel, sem distrações. Não sei o que é mais difícil, evitar cópias não autorizadas ou conseguir atenção exclusiva, mas estou convencido que este mundo que nos solicita a atenção/distrai a toda a hora e nos desconcentra está a operar uma mudança comportamental e de alteração de aptidões preocupante. Há trabalhos onde é mesmo necessário ter concentração exclusiva e há quem já não o consiga.

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