23 março 2015

Não quero ser VIP, mas…

As trapalhadas em torno da lista “VIP” das finanças ficarão, como é hábito, em fumo, fumaça, frases feitas, bocas, piadas e bicadas. Reflectindo um pouco sobre o fundo da questão: no mundo actual deixamos registo e rasto de tudo o que fazemos; se juntarmos uma certa tendência coscuvilheira de tantos e, para os mediaticamente expostos, a sede de estórias da comunicação social, podemos estar a caminho de uma sociedade irrespirável.

Não sou nem quero ser VIP, mas não gostaria que alguém no meu banco andasse a registar e a divulgar quanto e onde gasto, passo a passo; também não gostaria de ver em local público o registo das minhas passagens de via verde e das minhas chamadas telefónicas. Não por ter algo a esconder, mas pelo simples princípio de que a minha qualidade de vida passa por não ver a minha vida assim devassada.

Estas questões não se restringem, no entanto, à cusquice básica. Ninguém gostará que a sua actividade profissional seja seguida e disponibilizada aos seus concorrentes… Informação é poder. Se alguém souber mais sobre mim do que vice-versa, fico em desvantagem.

Tanta coisa de que eu não gostaria, tendo todo o direito a não gostar e para as quais as garantias parecem tão fracas. Da mesma forma como existe a figura de “pessoa politicamente exposta”, obrigando os bancos a procedimentos mais apertados, não me choca existir uma lista de pessoas mediaticamente mais expostas, eventualmente a necessitarem de mais protecção. Bastava ser claro no objectivo, no âmbito e não cair em trapalhadas… e, no fim, é bom recordar que o problema existe.

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