02 agosto 2009

Contar uma história

Não é que eu o tenha estudado, é apenas um palpite. Acho que bem contar uma história tem vários níveis e planos.

Há a história de suporte, a factual. A parte narrativa: abriu a porta, disse isto, olhou para acolá. É a parte que gasta tinta e papel.

Há a história de fundo, a conceptual. Não se escreve directamente, é derivada da factual de suporte.

Há as marcas. Referências que vão ancorando a história de suporte e deixando bandeiras para a delineação da história de fundo.

Uma escrita somente com relato factual por mais elegante e clara que seja é apenas uma reportagem. A boa escrita é aquela que vai deixando marcas criteriosamente e cirurgicamente para no final: clique. De um momento para o outro revela-se o conceito de fundo e completa-se o quadro. Pode até nem ser uma grande conclusão filosófica nem uma suprema evidência estética. Tem é que ter algo que sobressai claramente e permanece depois de passada a última página. Como o travo final que fica na boca depois de um bom vinho ter descido pela garganta.

E terá ficado algo no fim desta pequena história?

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