O nível de delinquência urbana na Argélia é elevado e a possibilidade de ser assaltado é grande, devendo ser sempre encarada como bastante provável. Hoje, cerca de 14 meses depois de cá chegar, fui assaltado pela primeira vez, mas não exactamente como esperaria.
Por estes lados a condução respeita poucas regras: passadeiras, traços contínuos e indicações de prioridade são pouco mais do que meros elementos decorativos. Há, no entanto, uma coisa para a qual a polícia é implacável: o telemóvel. Não tendo “mãos livres”, costumo falar em alta voz com o aparelho discretamente agarrado numa das mãos.
Hoje, ao circular assim, ouço uma sirene atrás de mim, nunca imaginando que me fosse dirigida. Para minha surpresa, uma pick-up decrépita atravessa-se à minha frente, como nos filmes, saindo dela um agente tosco que me inquire sobre aquela criminosa utilização do telemóvel ao volante.
Respondo em tom baixo, como é recomendado, argumentando que sou português, que não conhecia bem as regras locais e peço desculpa, mas com estes a táctica não parece funcionar. Multa e, como é usual em quase qualquer infracção e ao critério da “autoridade” no momento, carta apreendida! E lá me explicam que tenho que ir aos correios pagar a multa de 1500 dinars para me devolverem a carta. Eu continuo com o choradinho que não sei onde há correios, que não sou de lá e blá, blá, blá. Não falei do Figo e do Madjer mas pouco faltou. Sugerem-me então que os siga até aos correios. E lá partimos em procissão, lentamente; ainda aproveitam para parar e barafustar com outro condutor por uma coisa qualquer e acabam por estacionar numa zona muito tranquila sem nenhum posto dos correios próximo.
Saio e vou à janela do carro deles conferenciar e insistem para eu ir pagar aos “correios”. Sugiro então que, como não sei onde é, lhes dou os 1500 Dinars (Cerca de 15 Euros), eles dão-me a carta e vão lá pagar por mim! Respondem-me prontamente que é proibido e, acto contínuo, dizem para voltar ao meu carro e discretamente embrulhar os 150. Sabendo dos problemas locais com os zeros à direita, preparo 150 num bolso e 2000 no outro, pois não tenho trocado. Ficaram-me com os 2000 e claro que não me deram troco.
Uma vez em Amsterdão, aí há uns 20 anos, comprei a minha vida por 2,5 contos. Aqui comprei a minha carta de condução por cerca de 20 Euros. Não me deu gozo nenhum o expediente. Senti-me sem pachorra para aturar os atrevidos que, no trânsito denso, constantemente apontam e investem os narizes contra as nossas portas. Pus o belo compasso quaternário da Norah Jones do “Thinking about you” bem alto e rumei a casa, deixando a visita à feira do livro para uma outra vez, ou não.
Por estes lados a condução respeita poucas regras: passadeiras, traços contínuos e indicações de prioridade são pouco mais do que meros elementos decorativos. Há, no entanto, uma coisa para a qual a polícia é implacável: o telemóvel. Não tendo “mãos livres”, costumo falar em alta voz com o aparelho discretamente agarrado numa das mãos.
Hoje, ao circular assim, ouço uma sirene atrás de mim, nunca imaginando que me fosse dirigida. Para minha surpresa, uma pick-up decrépita atravessa-se à minha frente, como nos filmes, saindo dela um agente tosco que me inquire sobre aquela criminosa utilização do telemóvel ao volante.
Respondo em tom baixo, como é recomendado, argumentando que sou português, que não conhecia bem as regras locais e peço desculpa, mas com estes a táctica não parece funcionar. Multa e, como é usual em quase qualquer infracção e ao critério da “autoridade” no momento, carta apreendida! E lá me explicam que tenho que ir aos correios pagar a multa de 1500 dinars para me devolverem a carta. Eu continuo com o choradinho que não sei onde há correios, que não sou de lá e blá, blá, blá. Não falei do Figo e do Madjer mas pouco faltou. Sugerem-me então que os siga até aos correios. E lá partimos em procissão, lentamente; ainda aproveitam para parar e barafustar com outro condutor por uma coisa qualquer e acabam por estacionar numa zona muito tranquila sem nenhum posto dos correios próximo.
Saio e vou à janela do carro deles conferenciar e insistem para eu ir pagar aos “correios”. Sugiro então que, como não sei onde é, lhes dou os 1500 Dinars (Cerca de 15 Euros), eles dão-me a carta e vão lá pagar por mim! Respondem-me prontamente que é proibido e, acto contínuo, dizem para voltar ao meu carro e discretamente embrulhar os 150. Sabendo dos problemas locais com os zeros à direita, preparo 150 num bolso e 2000 no outro, pois não tenho trocado. Ficaram-me com os 2000 e claro que não me deram troco.
Uma vez em Amsterdão, aí há uns 20 anos, comprei a minha vida por 2,5 contos. Aqui comprei a minha carta de condução por cerca de 20 Euros. Não me deu gozo nenhum o expediente. Senti-me sem pachorra para aturar os atrevidos que, no trânsito denso, constantemente apontam e investem os narizes contra as nossas portas. Pus o belo compasso quaternário da Norah Jones do “Thinking about you” bem alto e rumei a casa, deixando a visita à feira do livro para uma outra vez, ou não.
1 comentário:
Só realmente experimentado a selva desse trânsito se pode perceber o grau de ridicularia de uma tal exigência!
No livro África Acima (mais uma vez falo nele) há uma série de relatos de situações semelhantes a essa, em que os temíveis assaltantes estão do lado “errado”.
Mais uma idiossincrasia desse continente perdido, espécie de Atlântida submersa em águas infectas…!
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