15 novembro 2007

Grande Sarko



Quando N. Sarkosy foi eleito não faltaram vozes esclarecidas a manifestarem uma profunda preocupação pelo perigo de autoritarismo que tal personalidade prenunciava.

Não tenho nenhuma simpatia por tiranetes ou déspotas insensíveis, mas devo dizer que não partilhava essas preocupações e a acção posterior do novo presidente francês até me fez ganhar alguma admiração pelo mesmo.

Ouvindo o que ele diz, sobre a situação de África, sobre Israel ou sobre os Estados Unidos, é difícil não concordar com a generalidade das suas posições. E é de notar que tem a coragem e a frontalidade de o dizer olhos nos olhos. Só por isso, tem mais mérito do que os recentes anteriores presidentes franceses, de esquerda e de direita, infinitamente hipócritas e tortuosos.

Hoje os ferroviários estão em greve. Porquê? Porque instalados em poltronas confortáveis nos climatizados postos de condução dos TGV’s têm um regime especial de reforma, herdado do tempo em que trabalhavam à boca da fornalha das máquinas a vapor, em condições duras!!! E se esse estatuto ainda se mantém até hoje é porque ninguém teve a coragem (para não usar um termo mais forte) de corrigir o disparate. Quando os ferroviários colocam meio país refém do seu protesto, tentando manter um privilégio absurdo, onde está a faltar “solidariedade social”?

Não sei quanto tempo Sarkosy se aguentará na postura actual. Não falta quem lhe vaticine uma queda rápida. Uma coisa é certa: tem uma legião de gente de todos os quadrantes incomodada com a sua acção e frontalidade e não beneficiará da menor clemência. Nos corredores do poder um enguia como Miterrand ou Chirac tem obviamente melhores condições de sobrevivência.

Desejo-lhe boa sorte.

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