Era feriado, dia de passeio e, como em todo o mundo, famílias e grupos, grandes e pequenos, saíram à rua aperaltados. E, como em todo o mundo, este “procurar ser bonito” conjuga-se sempre com mais intensidade no feminino do que no masculino.
Mas, aqui, havia uma particularidade. É que segundo os cânones religiosos e sociais locais a mulher não se de deve mostrar nem ser bonita em público. Deve esconder o cabelo, o corpo e, no limite, o rosto. Esta postura não é compatível especialmente com as faixas etárias mais jovens que, no exercício de descoberta do corpo e da sexualidade, querem e devem, saudavelmente, mostrarem-se bonitas e atraentes. Como é possível assumir isto num meio em que em cada esquina está um desocupado que se sente com direito de ser polícia de costumes e insultar uma mulher que fume em público?
O rosto tapado é bastante raro e quase inexistente nas jovens. O corpo dissimulado em vestes largas já se encontra, mas em minoria. A grande maioria tapa o cabelo e o pescoço com o famoso véu mas a seguir vem uma túnica apertada e até umas calças justas e com tudo a combinar.
Se este assumir da feminilidade é claro, porquê então, e ainda, o véu? Por hipocrisia? Por pragmatismo para não serem incomodadas pelos “polícias de costumes”? Não entendi. Qual a coerência de esconder do cabelo e, ao mesmo tempo, exibir a curva das ancas? O certo, é que existe aqui um conflito não assumido e não resolvido. E, evidentemente, fonte de tensões.
Com mais ou menos disfarce fui tirando fotografias, muitas de enquadramento e focagem incertas. A truncagem da última imagem não foi premeditada mas acabou por sair representativa e interrogativa.
Sem comentários:
Enviar um comentário