12 maio 2007

O princípio e o fim

O princípio e o fim. Impossível percorrer a cadeia de causas para trás até ao princípio. Impraticável projectá-la para a frente. Da mesma forma como a previsão meteorológica é muito limitada no tempo. Basta uma pequena incerteza e uma divergência num momento para que a sua propagação destrua a validade de qualquer conjectura mais afastada.

Há quem não consiga viver assim, viajando num comboio do qual desconhece os extremos. Então usam a religião para truncar a cadeia. Para decretar o início e o fim. Um princípio colectivo, fomos criados de um acto comum, e o final na perspectiva individual, cada qual morre por si.

Exercício arriscado. Tantas vezes a cadeia cresceu por esforço dos pioneiros, levando a religião a rever os seus limites. Absolutamente contrário à base de algo que nasceu para encher o vazio: para definir o indefinível, para explicar o inexplicável, para justificar o injustificável. Quando um dogma cai, ultrapassado, é toda a religião que foi corrompida. Por isso caíram tantos pioneiros, acusados de apodrecerem o mundo.

Odiava. Odiava tudo o que limitasse a capacidade de perguntar. Mais do que os que limitavam, odiava talvez mais aqueles que achassem bem limitar.

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