Se é verdade que um contexto diferente dá matéria para histórias pitorescas, tenho, depois de vir para cá, procurado resistir a transformar o Glosa Crua em diário de viagem e, por isso, limitado a percentagem dos textos em estilo de crónicas de exótico. De vez em quando, no entanto, lá vem uma.
No âmbito dos preparativos da vinda li um interessante livro sobre o declínio da sociedade muçulmana, centrado principalmente no Império Otomano, chamado “What went wrong” de Bernard Lewis. Para lá da forte influência religiosa que condiciona a abertura à inovação (a Europa já viu disto também noutros tempos), referia outros aspectos curiosos como, por exemplo, a falta de rigor. À partida isto surpreendeu-me para uma cultura que inventou a numeração que utilizamos e que teve um contributo muito forte nos primórdios da geometria e da astronomia, só para referir estas duas.
Depois de cá chegado, já tinha detectado alguns sinais dessa falta de rigor. Um dos aspectos é o usar a “desculpa” dos ciclos lunares para só decidir da mudança de lua no próprio dia e por observação directa. Não seria nada difícil prever ao início do ano todo o calendário lunar porque a mesma não muda de velocidade a meio. Aqui, em parte, está a pressão dos “observadores da lua” que perderiam relevância se se passasse para um método científico.
Outro aspecto é na escrita. A mesma palavra aparece impressa de formas diversas. Ainda pode haver uma desculpa de a transcrição do árabe não ter adaptação directa. Mas não é isso, é mais um “desde que se entenda, tanto faz”.
Outro caso é o dinheiro. Convém saber sempre de antemão quantos zeros tem um preço porque o numero de zeros à direita é variável. Dois exemplos recentes:
No âmbito dos preparativos da vinda li um interessante livro sobre o declínio da sociedade muçulmana, centrado principalmente no Império Otomano, chamado “What went wrong” de Bernard Lewis. Para lá da forte influência religiosa que condiciona a abertura à inovação (a Europa já viu disto também noutros tempos), referia outros aspectos curiosos como, por exemplo, a falta de rigor. À partida isto surpreendeu-me para uma cultura que inventou a numeração que utilizamos e que teve um contributo muito forte nos primórdios da geometria e da astronomia, só para referir estas duas.
Depois de cá chegado, já tinha detectado alguns sinais dessa falta de rigor. Um dos aspectos é o usar a “desculpa” dos ciclos lunares para só decidir da mudança de lua no próprio dia e por observação directa. Não seria nada difícil prever ao início do ano todo o calendário lunar porque a mesma não muda de velocidade a meio. Aqui, em parte, está a pressão dos “observadores da lua” que perderiam relevância se se passasse para um método científico.
Outro aspecto é na escrita. A mesma palavra aparece impressa de formas diversas. Ainda pode haver uma desculpa de a transcrição do árabe não ter adaptação directa. Mas não é isso, é mais um “desde que se entenda, tanto faz”.
Outro caso é o dinheiro. Convém saber sempre de antemão quantos zeros tem um preço porque o numero de zeros à direita é variável. Dois exemplos recentes:
As batatas custavam 80 dinares o kg e as maças 60. Ao ser inquirido, o vendedor disse respectivamente 8000 e 6000. Ainda podia ser somente a utilização antiga dos cêntimos mas, no final cobrou-me 14. Ao meu franzir do sobrolho, apontou para um saco e disse 6 e para o outro e disse 8.
Recentemente entregaram-me uma factura de 70 000 mais 17% de Iva e que tinha em 3 linhas alinhadas:
...70 000
+ 119 000
= 81 900!
Eu disse que estava mal mas ele encolheu os ombros e argumentou que não era importante, o total era mesmo 81 900. Quando apontei para a parcela do IVA que saltava à vista ter um zero a mais, ele encolheu os ombros e com uma esferográfica fez um grande zero de dois pequenos que lá estavam e pronto!
“Mania destes tipos de se preocuparem com detalhes!”
Recentemente entregaram-me uma factura de 70 000 mais 17% de Iva e que tinha em 3 linhas alinhadas:
...70 000
+ 119 000
= 81 900!
Eu disse que estava mal mas ele encolheu os ombros e argumentou que não era importante, o total era mesmo 81 900. Quando apontei para a parcela do IVA que saltava à vista ter um zero a mais, ele encolheu os ombros e com uma esferográfica fez um grande zero de dois pequenos que lá estavam e pronto!
“Mania destes tipos de se preocuparem com detalhes!”
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