O que vimos acontecer no passado domingo em Brasília é indiscutivelmente inaceitável num regime democrático. Acho que podemos dizer com segurança que o tempo das revoluções e pronunciamentos é definitivamente passado no Brasil.
Podemos ver semelhanças com o ataque ao Capitólio de 2021,
assim como entre Trump e Bolsonaro, apesar de este não ter, pelos menos assumidamente,
apelado à sublevação. Também parece haver em comum que as instituições do
Brasil foram/serão suficientemente sólidas para controlar a situação e retomar
a normalidade.
Há uma diferença importante que, sem desculpar nem
relativizar a gravidades dos fatos, convém referir. Lula não é Biden. Biden não
chamou genocida a Trump, não tem o passado judiciário do brasileiro, recordando
que este, se se “safou”, foi pela forma e não pelo fundo.
Lula foi eleito, democraticamente, dentro da legalidade, tem
toda a legitimidade, mas isso não apaga a repulsa que devem sentir muitos
brasileiros. Imaginem, num paralelo, que Sócrates se safava judicialmente e
voltava ao poder. A reação, e certamente que a solução, não passaria por
invadir o Parlamento, mas o respeito pelas instituições não seria o mesmo. Não
é tão cedo que o Brasil se irá pacificar, nem a atual responsabilidade é
principalmente de Bolsnaro, apesar de todos os seus defeitos. Por muito tempo
haverá brasileiros que não reconhecerão Lula como um presidente que merece o
cargo. Se isso justifica e desculpa partir assim a louça, é claro que não.
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