Os rios nascem na foz. A definição de um rio começa no ponto onde ele acaba no mar. Daí para montante há uma sucessão de entroncamentos onde se decide qual é o troço do próprio rio e qual é o afluente. Por exemplo, na Régua é muito claro que o Douro é o curso que continua a “subir” para o Pinhão e as linhas de água que chegam da direita e da esquerda são dois afluentes, o Varosa e o Corgo.
Noutras situações pode ser menos óbvio, se deve predominar o
curso com mais caudal ou que se projeta mais longe. É o caso do Pisuerga nas
proximidades de Vallodolid, onde segundo dizem os locais é ele que traz a água
e é o Douro quem leva a fama…
A belíssima imagem acima Robert Szucs é muito interessante e
demonstra claramente que mais do que um curso de água, um rio é uma bacia. Se
olharmos para o ponto mais afastado do Douro (amarelo) relativamente à foz,
considerando ser por ali a nascente, que percentagem da água que chega ao Porto
saiu daquele local? Muito pouca…
Se olharmos para o Guadalquivir (roxo) é talvez menos óbvia
a definição do tal ponto simbolicamente original da nascente do rio.
Este mapa das bacias pode também ser cruzado com o mapa dos
reinos ibéricos. É curiosa a boa correspondência entre a bacia do Ebro (vermelho)
e os antigos reinos de Aragão e de Navarra. Não será certamente por acaso.
Relativamente a Portugal pode encontrar-se a fronteira do Minho e do Guadiana e
a limitação interior do Mondego (laranja) e do Soraia (laranja claro), mas o
Douro e o Tejo são duas grandes bacias parcialmente atravessadas no território.
O mapa das bacias é um mapa topográfico. É o relevo que faz
os caminhos da água, mas também as maiores ou menores dificuldades nas
deslocações das gentes. A capilaridade é a mesma. Os rios tanto podem gerar
bacias agregadoras como limites e fronteiras. Podem unir ou dividir, formal ou
informalmente. Gosto de ler rios…
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