Um destes dias, um excitado queimou um exemplar do Corão em frente da Embaixada turca na Suécia e o assunto tornou-se planetário, gerando protestos na rua árabe e mesmo tomada de posição do secretário-Geral da ONU.
Certo ser condenável, mas tratou-se de um ato individual que
não matou nem feriu ninguém e se o SG da ONU tem que se manifestar cada vez que
um excitado insulta os princípios ou convicções de um vizinho… não lhe sobrará
muito tempo.
Depois, há a curiosidade da fácil mobilização da rua árabe
por um ato isolado, quando, ao mesmo tempo, ignora as barbaridades diárias e
institucionais que estão a acontecer com os Uigures e a sua religião. Difícil
de entender que um debate proposto na ONU sobre a situação desta minoria tenha
sido chumbado, contando, entre outros, com os votos contra do Paquistão, onde
tão facilmente a rua se inflama, Qatar, Emiratos Árabes, Indonésia e outros
países de maioria muçulmana. Difícil ainda de entender a falta de reação
popular quando por muito menos nascem incontroladas manifestações e motins
violentos.
O quadro com o resultado global da votação, 19 contra, 17 a
favor e 11 abstenções, é um monumento à hipocrisia reinante. É alarmante quanto
à saúde dos direitos humanos no planeta e à forma como eles são
institucionalmente tratados neste fórum da ONU, que se mostra assim assustadoramente
atacado por uma mui maligna doença.
- abaixo, versão publicada no Público, que lhe retirou o último parágrafo.
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