16 janeiro 2018

Onde estarias num dia BES?


Já foi costume perguntar “Onde estavas no 25 de Abril?”, para localizar o interlocutor nalgumas dimensões. Com o avançar dos anos, chamar essa data já começa a ser pouco relevante, dado haver cada vez mais gente posteriormente chegada.

A eleição de Rui Rio para líder do PSD, face a Santana Lopes, é uma boa notícia, independentemente de todas as incertezas. O partido não se escapa, no entanto, à vergonha de ter tido quase metade dos votantes a pedir o regresso do menino guerreiro, que já provou, reprovou e que não vale a pena provar de novo.

Sai Passos Coelho, por quem não tenho grande simpatia, acho até algo limitado, mas há uma teoria segundo a qual um líder eficaz não pode ser muito inteligente. Deixando em aberto o seu posicionamento neste enquadramento, a fustigação a que foi sujeito desde as últimas eleições foi desproporcionada e teorizo duas razões para tanta aversão.

A primeira razão tem a ver com o ter ganho as legislativas e não ter governado. Como se a legitimidade parlamentar da geringonça não chegasse e fosse necessário derrotar de alguma forma, à posteriori, o vencedor. A colagem da troika e das suas restrições a Passos Coelho, quando até Tsipras faria/fez o mesmo, provoca um despiste de razões e responsabilizações, que não ajuda nada a evitar nova receita.

A segunda razão será o famoso "não" a Ricardo Salgado. Teoriza-se hoje se os estragos teriam sido maiores ou menores com mais uma mãozinha. É daqueles palpites difíceis mesmo no fim do jogo, mas quando se anuncia que estão dados como perdidos os quatro mil e novecentos (4900) milhões que o Fundo de Resolução injetou no “banco bom” (dos buracos do “mau”, nem falar…), se calhar a necessidade não seria uma mãozinha, mas uma boa sucessão delas. Certo é que a recusa da mãozinha ao BES não foi, nem nunca lhe será perdoada, mesmo por gente da sua família política.

Apetece-me agora perguntar a Rui Rio: onde estará num dia BES? Pergunta sem sentido, dado já não existir BES? Não! Sucessores e sucedâneos não faltam nem nunca faltarão!


Imagem RTP

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