18 janeiro 2018

Fazer um rio


Os rios só estão completos na sua foz, quando acabam. Até lá, vão sempre recebendo contributos, com maior ou menor relevância, mas transformando-os continuamente. Nomear o local de nascimento de um rio, como se uma parte significativa da água que chega à foz tivesse cumprido o percurso completo, é uma imagem engraçada, mas pouco precisa.

O Douro não nasce na serra do Urbião como se aprende na escola. Uma parte muito significativa dele é filha de toda a drenagem sul da cordilheira cantábrica. Como dizem em Vallodolid, o Douro tem a fama, mas o Pisuerga tem a água.

Um rio faz-se e refaz-se ao longo do caminho e o Douro com a sua forte personalidade não é aqui chamado de forma inocente. Recordo-me de num voo acordar e espreitar pela janela, para tentar entender onde estava. Em dois segundos identifiquei o Douro na Valeira, por não conhecer nenhum outro local com aquela assinatura.

O Douro, quando entra em Portugal, nasce de forma muita dura, não nasce?

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