28 outubro 2015

Cheira mal

O senhor José Sócrates cheira mal. Vamos esquecer, por agora, o enquadramento jurídico estrito, dado que ainda não foi julgado e, até lá, beneficia da presunção da inocência.

No entanto, para um ex-político, e supostamente até de esquerda, é obsceno o nível de vida por ele praticado, ainda por cima às custas de um amigo que, se empresta dinheiro assim, deveria a família solicitar a sua inabilitação imediata.

Foi o senhor testar os seus dotes oratórios e galvanizadores de audiência a Vila Velha do Rodão, fazendo-se prazenteiramente acompanhar pelo diretor de um dos principais jornais nacionais, concretamente Afonso Camões do JN, e queixou-se da existência de um “poder oculto”, envolvendo alguns jornalistas. Certamente Afonso Camões, o tal que, quando ainda estava na Lusa, teve o cuidado de o avisar de que estava a ser investigado não faz parte desse grupo.

A sua defesa conseguiu rapidamente proibir o grupo Cofina de publicar notícias (explosivas) recorrendo a elementos do processo. Formalmente está certo, mas há aqui um detalhe a evidenciar. De acordo com o discurso anterior do “não há nada”, seria mais previsível uma acusação de difamação.

Tudo isto cheira tão mal, que nem dá vontade de chegar perto. Não tenho nenhuma simpatia pelo Correio da Manhã, mas o país tem o direito de conhecer os detalhes do modo de vida de um seu ex-primeiro ministro, sobretudo quando eles parecem tão desproporcionados face aos rendimentos previsíveis.

Seria bom e muito higiénico que todos os socialistas sérios tivessem a dignidade de fugirem à abordagem clubística desta vergonha e privilegiassem a primazia dos princípios.

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