19 outubro 2015

Por uma vez

O cenário atual na Síria é extraordinariamente confuso. Temos 4 fações principais no terreno (regime, Estado Islâmico, Curdos e outros rebeldes) e 5 frentes de influência externa (Turquia, Rússia, Irão, Monarquias do Golfo e Ocidente), sem estes atores estarem até agora claramente agregados (por simplificação, até nem separo Ocidente em EUA e Europa…).

A intervenção direta musculada da Rússia veio trazer mais bombas e mais mortes, certamente. Veio também baralhar a visão do conflito para aqueles que gostam de ver as coisas simplificadas, perdoando ou condenando os USA ou a Rússia, conforme a sua simpatia, mas acaba por forçar uma clarificação do que cada um quer mesmo ver no final, resultando dois blocos.

A Rússia e o Irão querem o regime atual e combatem o Estado Islâmico e os outros rebeldes; o Ocidente, Golfo e Turquia querem os outros rebeldes e combatem o Estado Islâmico e o regime.

Independentemente do vencedor final, provavelmente o Estado Islâmico recuará até ao Iraque, que continuará o caos que conhecemos desde há 12 anos, e os curdos poderão ter o mesmo destino de outros levantamentos. Vêm à luta com empenho e valor e, no fim, recuam escorraçados…

Como os outros rebeldes são Al-Qaedas e afins, tenho muitas dúvidas se uma Síria por eles “governada” venha a ser muito diferente da atual Líbia. Com todos os defeitos do regime de Bashar Al Assad é preferível deixá-lo a governar e ir pressionando a mudança do que desestruturar o/outro país.

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