05 outubro 2015

Tudo isto é esquerda…

Possivelmente alguém irá chamar-me besta, estúpido ou ignorante. Irei tentar não insultar ninguém e fugir das etiquetas, até porque, para mim, há muito tempo que os partidos não são campo de afetos ou simpatias. Acho curiosa esta constatação de a “Esquerda” ter ganho. É relativamente habitual que, traçando uma linha de separação entre o PS e o PSD, fiquem mais votos do lado da tal esquerda. Mas qual a coincidência política entre PS, CDU e BE? Menos do que entre o PS e o PSD, sem dúvida. Basta pensar na Europa para verificar que essa “Esquerda” inclui divergências fundamentais significativas.

Para governar, todas as coligações são boas? Que se diria se o PNR tivesse alguns deputados e a PAF os fosse buscar para viabilizar o orçamento ou participarem no governo?! Este aparte serve também para saudar a resistência que o eleitorado tem mostrado à penetração da extrema-direita.

Podemos dizer que o traço comum dessa grande esquerda é a “recusa da austeridade”? Como a aventura Syriza demonstrou, não basta ser contra, é também preciso dinheiro para pagar as contas, os reformados e os funcionários públicos. O PS acha que esse dinheiro chega com uns pozinhos de perlimpimpim no consumo, um modelo que nunca vimos funcionar, a CDU pede nacionalizações e parece que ainda não se conseguiu bem redefinir depois da falência do modelo soviético, o BE começa com a renegociação da dívida e a eventual saída do Euro. Tudo isto é esquerda, tudo isto é fado! E podem chamar-me de direita, mas não é verdade!

2 comentários:

A. Rocha disse...

Realmente o povo resiste à penetração da extrema-direita, mas vai tolerando a extrema-esquerda,apesar dos desvarios desta e da sua linguagem por vezes agressiva.
Nestas eleições, mais uma vez cantam vitória e lá vem mais um rol de "exigências". Em nome do "povo" - dizem eles - e contra o "perigo" da direita. Mesmo ganhando as eleições, afirmam, a "coligação de direita" não tem o direito (que a democracia lhe confere) de governar. Direita para onde empurram também o Partido Socialista, pelas "suas políticas de direita". Só que, como diz o autor do blog, no fim do mês é preciso muito dinheiro para pagar contas. A realidade é bem diferente e não liga com as fantasias da família Mortágua!
A tolerância parece andar arredada dos partidos da extrema-esquerda.A sua linguagem agressiva não é um bom exemplo de democracia. Não trás nada de novo e apesar de estarmos numa época de inovações tecnológicas a velha "cassete" do PC regressa sempre. Não seria tempo de mudar para outro "suporte"?
Cumprimentos ao Sr. Carlos Sampaio

Carlos Sampaio disse...

Caro A. Rocha

Duas notas

1 – Infelizmente parece haver quem desconheça o problema do fim do mês. Alguém haverá-de resolver, nem que seja entre Berlim ou Bruxelas…

2- Há extremos que se considerem a si próprios benignos e aos outros malignos. O PCTP-MRPP
escreveu “Morte aos traidores” e o pessoal sorri condescendente. Se a extrema direita disse-se algo do género, mesmo a metade,… é só imaginar !