Aparentemente, 40 anos depois, ainda há jornalismo a fazer sobre o 25 de Abril. “Os Rapazes dos Tanques” de Alfredo Cunha e Adelino Gomes é um excelente trabalho e um documento que revelou um novo herói desse dia: o cabo que se recusou a cumprir as ordens do brigadeiro e a disparar sobre os revoltosos, evitando assim o banho de sangue. Se nesse dia existiram inúmeros exemplos de deserções e desobediências da parte de quem estava inicialmente do lado do regime, talvez nenhum seja equivalente a este, decorrido no cenário dramático dos tanques frente a frente.
Esquecendo um pouco os detalhes desta situação única, a cena tem algo de “muito portuguesa”, no mau sentido da palavra. Há uma hierarquia sem ascendente dando ordens tontas. O executante não diz que sim, nem que não, faz de conta que não entendeu e fecha a porta, entrincheirando-se por umas horas, à espera que a confusão passe.
Sendo claro que pragmaticamente a atitude do soldado teve naquele momento um resultado final positivo, o contexto subjacente é o de algo que não funciona. Se não há dúvidas de que em 1974 estávamos numa cepa torta, hoje, 40 anos depois, continuaremos a encontrar dalguma forma uma chefia tonta que berra ordens sem sentido e um executante que nem diz que sim nem que não, esquecendo-se manhosamente de as cumprir? Talvez sim e assim não vamos a lado nenhum. O que fez e faz acontecer é um Salgueiro Maia pisando a rua determinado e assumindo riscos.
Esquecendo um pouco os detalhes desta situação única, a cena tem algo de “muito portuguesa”, no mau sentido da palavra. Há uma hierarquia sem ascendente dando ordens tontas. O executante não diz que sim, nem que não, faz de conta que não entendeu e fecha a porta, entrincheirando-se por umas horas, à espera que a confusão passe.
Sendo claro que pragmaticamente a atitude do soldado teve naquele momento um resultado final positivo, o contexto subjacente é o de algo que não funciona. Se não há dúvidas de que em 1974 estávamos numa cepa torta, hoje, 40 anos depois, continuaremos a encontrar dalguma forma uma chefia tonta que berra ordens sem sentido e um executante que nem diz que sim nem que não, esquecendo-se manhosamente de as cumprir? Talvez sim e assim não vamos a lado nenhum. O que fez e faz acontecer é um Salgueiro Maia pisando a rua determinado e assumindo riscos.
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