10 janeiro 2013

Patetices

Naquela postura de que os impostos são um direito de saque inquestionável e ilimitado sobre os cidadãos, o governo francês pôs a hipótese de cobrar uma taxa especial de 75% sobre os grandes rendimentos. Gérard Depardieu potencialmente lesado reagiu e manifestou vontade de sair de França e de se instalar na Bélgica. O primeiro-ministro Francês classificou a atitude de “assez minable”, que significa “bastante patético”. Um deputado chegou mesmo a propor que se retire a nacionalidade francesa a estes exilados fiscais, subentendendo que essa excomunhão da pátria de Moliére seria um pesadelo inconcebível para qualquer pessoa de bem.

Depardieu considera-se insultado e recordando que trabalha desde os 14 anos e os milhões em impostos que entregou ao Estado ao longo da sua vida, devolve o passaporte francês por sua iniciativa e coloca a França em estado de choque! Na cultura daquele país, que alguém queira deixar de ser francês é no, mínimo, uma insanidade.

Na confusão Putin oferece um passaporte russo ao actor, este aceita e agradece com públicos e lautos elogios ao seu novo chefe de Estado! Se calhar não havia necessidade de ser tão efusivo, mas não esqueçamos que ele é actor. O escândalo em França sobe de nível e o homem é atacado de todas as formas e feitios. De realçar que uma boa parte das grandes fortunas francesas, incluindo vários grandes patrões muito respeitáveis, já têm residência fiscal fora de França e até hoje ninguém lhes chamou patéticos. E, só para acabar, sabe-se que o ministro das Finanças, o tal que teve a ideia dos 75%, está a ser investigado pelo fisco francês por supostamente ter possuído uma conta secreta na Suíça, entretanto transferida para Singapura via offshores. Afinal, quem é o minable/patético?

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