16 janeiro 2013

Para que serve uma bandeira?

É num atalho que costumo usar no acesso ao hotel habitual a oeste de Argel. Poupa-me uma volta maior e duas barreiras de polícia. É, no entanto, um local em que passo com a atenção desperta e a celeridade possível. Nunca me aconteceu ali, mas é um daqueles sítios em que é provável que, por desfastio, alguém atire uma pedra aos carros que passam. Isolada na berma está uma barraca, loja de conveniência, para tabacos e afins. Ontem estava lá, pendurada não sei como nem porquê a bandeira verde e rubra. Não me pareceu ser um representante da diáspora tuga. Lembrei-me que um dos clubes principais de Argel partilha essas cores nas suas camisolas. Numa altura de uma visita oficial portuguesa coincidente com um jogo importante do Mouloudia, várias bandeiras das quinas que decoravam a cidade acabaram no estádio a encorajar o onze da terra.

Hoje de manhã tomei o atalho apesar de não ser a minha direcção forçado com a máquina em punho e a janela aberta mas era demasiado cedo para a loja estar aberta. Ao fim do dia, já com a luz do dia a morrer, forcei de novo uma passagem desnecessária e aí sim. Parei para disparar uma vez, o tempo de eles darem conta e desatarem a barafustar. Umas centenas de metros à frente fiz inversão de marcha, com a esperança de, apesar de eu ficar do lado desfavorável, tentar outra foto. Não deu nem para afrouxar. O das calças brancas viu-me e correu para a estrada berrando e fiquei a saber que pelo menos não é realmente parte da diáspora tuga.

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