Começou em
Bem-vindos! Bem-vindos a este círculo dos compulsivos. Todos temos pulsões e compulsões, apenas a sua natureza e ponderação muda. Se as misturarmos e distribuímos na boa medida, seremos todos normais.
O moderador telefonou-lhes anunciando que os seus substitutos não se tinham integrado e havia novamente vaga para o seu regresso. A forma ansiosa como o comunicou traiu-o. Eles entenderam que o circulo precisava deles, mas não iria ser tão fácil. Concertaram posições e acordaram anunciar a sua presença, sabendo à partida que pelos menos à primeira sessão faltariam.
O grupo estava em pulgas esperando excitado a chegada dos exóticos. Até já tinham descoberto coisas novas para contar que guardavam ansiosamente. Nesse dia estavam mais animados, mais vivos... sorriam cumplicemente e já com um bocadinho de desdém antecipado: “vamos ver os disparates que ouviremos hoje!. Nem quero imaginar...”
À hora prevista, à hora em que deveriam estar no circulo, sentaram-se imóveis, cada qual no seu canto doméstico preferido. Tinha sido uma boa ideia deixar os normais pendurados, só que eles próprios também ficaram pendurados. Aliás, estavam mesmo a sentirem-se em fase, com a sensação que começavam a funcionar em paralelo para muita coisa. Parados, cada qual no seu canto, tinham a certeza de que o outro pensava no outro. Lentamente iam digerindo a noção de que ficavam mais incompletos e menos independentes.
Ele já não imaginava. Imaginar é ficar na estação e ver o comboio partir fantasiando sobre as cidades e as paisagens que ele atravessará. Ele estava no comboio. Não precisava de imaginar ou de especular. Sabia que iria ver, que iria viver, era só deixar avançar o tempo.
O moderador telefonou-lhes anunciando que os seus substitutos não se tinham integrado e havia novamente vaga para o seu regresso. A forma ansiosa como o comunicou traiu-o. Eles entenderam que o circulo precisava deles, mas não iria ser tão fácil. Concertaram posições e acordaram anunciar a sua presença, sabendo à partida que pelos menos à primeira sessão faltariam.
O grupo estava em pulgas esperando excitado a chegada dos exóticos. Até já tinham descoberto coisas novas para contar que guardavam ansiosamente. Nesse dia estavam mais animados, mais vivos... sorriam cumplicemente e já com um bocadinho de desdém antecipado: “vamos ver os disparates que ouviremos hoje!. Nem quero imaginar...”
À hora prevista, à hora em que deveriam estar no circulo, sentaram-se imóveis, cada qual no seu canto doméstico preferido. Tinha sido uma boa ideia deixar os normais pendurados, só que eles próprios também ficaram pendurados. Aliás, estavam mesmo a sentirem-se em fase, com a sensação que começavam a funcionar em paralelo para muita coisa. Parados, cada qual no seu canto, tinham a certeza de que o outro pensava no outro. Lentamente iam digerindo a noção de que ficavam mais incompletos e menos independentes.
Ele já não imaginava. Imaginar é ficar na estação e ver o comboio partir fantasiando sobre as cidades e as paisagens que ele atravessará. Ele estava no comboio. Não precisava de imaginar ou de especular. Sabia que iria ver, que iria viver, era só deixar avançar o tempo.
Ela, pouco riscava. Ou, pelo menos, quando o fazia não era compulsivamente. Tinha desaparecido a tensão e até sorria descontraída. Conseguia ter uma ideia e guardá-la algum tempo, sem necessitar de a lançar para fora no imediato, no tal jorro de vómito.
Continua para
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