01 outubro 2009

Falta o cão

De regresso à base depois de uns dias atribulados ouvi em diferido a famosa comunicação de Cavaco Silva sobre o caso das escutas. É má demais para ser verdade. Em vez de pôr claramente o assunto preto no branco, o PR só levantou poeira. Que é que interessa a formalidade de que ninguém pode falar em nome dele e de que não é crime um assessor ter uma opinião? Não é crime alguém pensar que o sol gira em torno da terra, mas há funções e posições cuja responsabilidade não é compatível com a divulgação de opiniões fantasiosas infundamentadas e não justificadas

O cenário de um assessor de confiança vir em nome do presidente pedir expressamente a um jornal para publicar uma suspeição deste calibre é muito grave. Pode não haver um enquadramento jurídico que a condene mas não é compatível com uma sã “coluna vertebral”, indispensável ao órgão Presidência da República.

Acha estranho o email ser publicado 17 meses depois... mas não acha estranho a notícia do Público ter saído 17 meses depois, sendo que é essa notícia que realmente está na génese do problema?

Sobre as suas acções há um monte de silogismos: “por causa disto, fiz aquilo..” que me ultrapassam completamente. Ou sou burro, ou ele, ou julgará que a audiência o é.

No final, a história das debilidades do seu correio electrónico. Ao apresentá-lo assim o que quer dizer? Que se calhar pode estar a ser espiado? Se é esse o caso, explique melhor porque de charadas e indirectas já estamos cheios; se é apenas um “preciso de actualizar o meu antívirus!” é bom que o faça, mas não devem existir muitos países no mundo em que um PR vem solenemente dizer ao país que os seus informáticos são uns nabos.

Relativamente ao conteúdo do famoso email o que toda a gente quer saber é:

1. O assessor do PR foi falar ao Público por sua encomenda ou não? Claro que não o assumirá, e desfia-nos a encontrar provas! Não sendo esse o caso também não haveria motivos para “fazer alterações na casa civil” – seria uma enorme injustiça!
2. O assessor inventou a trama toda por sua iniciativa? Devia ser severamente julgado e não simplesmente transferido de funções preventivamente!
3. Foi tudo invenção dos jornalistas.... hummmm. Que a Presidência o assuma então e veremos então a resposta de L. Alvarez.

Antes das eleições, eu dizia que o PR é uma espécie de guardião da democracia. Está lá para intervir apenas quando for necessário, não antes e achava que Cavaco Silva não tinha esse perfil. Iria tentar ser interveniente e não apenas guardião. Confirma-se e confirma-se também que não tem mesmo nível para ser Presidente. Falta um cão para controlar o presidente.

1 comentário:

Anónimo disse...

Bom regresso.
"Falta um cão para controlar o presidente" - talvez possamos pedir o de Obama - até é de origem portuguesa...
Zé SC