26 outubro 2009

Pensões, populações e populismos

Não deve haver um assunto tão prestável a populismos como as pensões. Quanto ao princípio, e na minha perspectiva, as pensões de reforma só podem ser um fenómeno de solidariedade transversal entre gerações e nunca fruto de poupança individual. Se eu planear e poupar para 15 anos e viver 25 como vou fazer nos últimos 10 anos? Também não aceito que a minha renda futura esteja dependente do valor de empresas geridas ao trimestre e com cotações auscultadas à hora. São escalas de tempo demasiado diferentes e quem ainda acredita no contrário pode ir ao Chile ver o resultado da aplicação das teorias dos “Chicago boys”.

A minha geração paga as pensões da anterior e as minhas pensões serão pagas pela seguinte. Resta resolver a equação de a população activa x taxa de desconto igualar a população reformada x valor médio da reforma. Considerando que não é justo nem digno reduzir o valor da reforma e que aumentar a quotização dos “próximos” não é simpático.... só sobra aumentar a população activa e reduzir a reformada ... por aumento da idade da reforma. Não há milagres nem outras alternativas de raiz e até é justo por um dos factores básicos de desequilíbrio ser exactamente o aumento da esperança de vida.

Voltando ao populismo. Parece que vamos ter na assembleia uma oposição em bloco que fiel aos seus princípios que não permitem coligações nem acordos de governo, prenuncia um alinhamento na oposição ao governo, pronta a lançar legislação avulsa sobre temas sensíveis, confortavelmente suportada por uma postura de “sniper” pronto a fazer descer o governo a seu bel-prazer. Uma dessas iniciativas é bloquear a descida das pensões indexadas à inflação, quando esta for negativa. Se bloqueiam a indexação neste caso, então quando a inflação subir e recuperar para o valor anterior, também não terá efeito... ou estamos mesmo no populismo?

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