07 dezembro 2007

Reflexões monoteístas

Após um pouco de leitura e análise, deu-me vontade de alinhar umas notas sobre o processo de expansão das três principais religiões monoteístas:

Os judeus: Não existe registo de alguma vez terem pegado em armas para converter “infiéis” à sua fé. Apesar de a sua história política não ter mais de 60 anos e da forte carga confessional que presidiu à criação do estado de Israel, este não pode ser considerado uma teocracia em que o líder político se confunde com o líder espiritual e em que o direito civil deriva do religioso. Os territórios ocupados em 67, foram-no numa perspectiva militar e não de expansão religiosa.

Os cristãos: Nascem e afirmam-se sem nenhuma atracção ou proximidade com o poder temporal. Numa primeira fase são as ideias e os princípios que convertem. Uns séculos mais tarde o poder político abraça a instituição religiosa e temos as cruzadas e a evangelização forçada. Hoje praticamente todo o mundo de raiz “cristã” conseguiu separar o político e o jurídico do religioso.

Os muçulmanos: Quando visitei o museu do Palácio de Topkape em Istambul fiquei surpreendido com a exibição das armas de Maomé e dos seus companheiros. Agora confirmei que mesmo a expansão inicial pela Península Arábica foi feita com a força e com a conquista simultânea do poder. Desde a primeira hora, desde o próprio Maomé, que os líderes religiosos acumulam essa liderança com a militar e a política. As sucessões foram frequentemente violentas e as cisões geradas por disputa de poder e não por divergências conceptuais ou de interpretação dos princípios da religião.

2 comentários:

Maria Manuel disse...

Embora, necessariamente, simplificadora, é uma síntese muito interessante, que suscita reflexão...

Carlos Sampaio disse...

A reflexão é basicamente ... quando as coisas não estão bem e se busca um regresso à "pureza original", as respostas serão bem diferenciadas.