21 julho 2016

Os conquistadores e os seguintes

O livro “Conquistadores – como Portugal criou o primeiro império global” de Roger Crowley é, na minha opinião, um livro de leitura obrigatória. Escrito por um inglês, consegue ter um distanciamento e uma objetividade que a nossa relação afetiva com o assunto dificulta.

Penso que os descobrimentos portugueses têm um reconhecimento histórico distorcido. De um lado talvez excessivo, por nós, nascidos e criados a ouvir Lusíadas e “Heróis do mar…”, do outro lado, menosprezado pelas potências históricas seguintes a quem custa reconhecer a genialidade e o pioneirismo destes pequeninos. Dentro da leitura global da época dá-se uma importância exagerada à simples viagem de Colombo, por a América se ter tornado no que se tornou, e pouco destaque à incrível empresa de Fernão de Magalhães, num meio natural e social adverso a forçar e a encontrar no fim do mundo uma passagem diabólica entre os dois mares.

O livro de Crowley parece estar bem fundamentado (quem sou eu…) e dá uma visão muito rica dos sucessos e insucessos, da brutalidade e da diplomacia (muitas vezes da falta desta) e, sobretudo, da importância da liderança.

Ficou-me uma reflexão principal. Não é fácil ter sucesso, exige saber, persistência, meios humanos e materiais. Mas, há algo mais difícil do que ter sucesso, que é mantê-lo. É, depois do sucesso inicial, continuar em busca do saber, manter a persistência e, muito especialmente, as lideranças não serem confiscadas pelos oportunistas.

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