25 junho 2014

Dono ou gestor?

Não sei o que se passa no BES. Mesmo que tentasse saber, certamente não conseguiria. Por coincidência, ou não, o BES costuma aparecer associado a muitos negócios bicudos, mas pode ser apenas impressão minha. Está a ser mudada a equipa de gestão e ouvi que o Banco de Portugal recomendou a separação entre quem é dono do banco e quem o gere. Acho isto um pouco estranho…

É certo que muitas empresas familiares sentem por vezes, em certa fase da sua vida, a necessidade de profissionalizar a sua gestão, recorrendo a gestores fora da esfera familiar. No entanto, isso deverá ser uma opção em primeira e última instância do “dono”. Custa-me a imaginar que seja um regulador a recomendar isso e, aparentemente, com a intensidade e eficácia com que o fez.

Curiosamente, há pouco tempo li uma entrevista com o casal que é dono e gere um dos ramos da famosa família Rothschild, reputados e bem sucedidos banqueiros e investidores, desde há séculos. Inquiridos porque a crise financeira pouco afectou a sua casa, a resposta foi curiosa e cito de memória. “Em grande parte a crise foi provocada e afectou empresas que não têm dono claro. São dirigidas por gestores cuja estratégia é conseguirem prémios por objectivos de curto prazo, que se revelam um desastre a prazo”.

Com todas as aspas e reticências estou muito mais de acordo com os Rothschild do que com o Banco de Portugal. Que se passa/passou com o BES de Ricardo Salgado? Não me acredito que seja apenas uma questão de património genético.

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