26 dezembro 2013

Descobri um tesouro

Há umas semanas atrás fui ver um espectáculo ao vivo do Carlos do Carmo… e não gostei muito. É uma história longa. Na infância eu detestava-o e/porque sucedia ele passar horas largas a fio, como protagonista único do leitor de cartuchos do carro do meu pai. Quando mais tarde o passei a apreciar, conhecia tudo de cor. Agora, quando o ouço cantar/dizer “Duas lágrimas de orvalho…” com um timbre algo oscilante, a fugir entre o cantar e o declamar, não deixo de recordar perfeitamente a forma cristalina e forte como aquilo saía nos cartuchos do meu pai… e a sensação de perda é enorme.

Lá no meio do espectáculo referiu os Açores, cantou “O Sol preguntou à Lua…” e soou-me muito pastoso, sem garra. Lembrei-me de que conhecia isso diferente, para muito melhor, pelo grande, de corpo e alma, Adriano Correia de Oliveira. Fui a correr ouvir para “desenjoar”!

Ao explorar um pouco mais a obra de Adriano descobri que esse tal “Sol…” além de fazer parte do álbum “Cantaremos”, que possuo, também estava integrado numa compilação/gravação que ele fez pouco antes de morrer, chamada “Cantigas Portuguesas”. Andei às voltas. Não é fácil encontrar hoje em dia produções de qualidade com alguma idade e acabei por comprar uma caixa com a obra completa, mesmo implicando alguma redundância com os 3 álbuns que eu já tinha. E, lá estavam as “Cantigas Portuguesas”, em que o Adriano, mais conhecido pelos fados e trovas, canta num registo popular extraordinário, belo e forte da Charamba dos Açores ao Vira do Minho! Aquele senhor cantava mesmo muito bem!

E isto deu-me vontade de contar a minha história com a música tradicional portuguesa. Vale o que vale, virá a seguir!

PS: E sobre Adriano, algo mais está aqui

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