09 dezembro 2013

Ímpetos de decreto

Em França acaba de votar-se uma lei em que, à semelhança do que se passa na Suécia, irá penalizar os clientes das prostitutas. A argumentação de defesa passou bastante pela defesa da dignidade da mulher, do combate ao tráfego dos seres humanos e por aí fora…

Ora bem, deixando de lado o filosofar se é um decreto que extingue na prática a chamada mais velha profissão do mundo, foi muito interessante um artigo publicado no Monde sobre a prostituição … no masculino. O artigo está aqui e é curioso como com ele se desmonta completamente a argumentação que defende a lei. Não se trata de mulheres, mas sim de homens e não há nenhum tráfico nem escravidão. Fazem-no porque querem e porque acham simpático o valor que recebem. Não acham que “vendem” o corpo porque no final até ficam com ele inteiro. Ou seja, o argumento de base da legislação não se aplica de todo a este caso, como não se aplicará a outros, mesmo no feminino.

Se ninguém pensa em proibir a apanha de morangos devido às condições de recrutamento e de trabalho de alguns desgraçados que por lá são apanhados, será que proibir a prostituição é a forma de acabar o outro tráfico? Tenho sérias dúvidas, assim como tenho uma solene irritação com estas posturas feministas redutoras. A dignidade a defender é a do ser humano e no fundo, não na rama.

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