08 outubro 2013

Imigração, misérias e responsabilidades

A recente tragédia nas costas de Lampedusa, foi isso mesmo: uma tragédia. Daí a pretender que estes acontecimentos deveriam fazer a Europa repensar a sua política de imigração, é estabelecer uma relação causa-efeito que me ultrapassa. A larga maioria dos africanos que tentam entrar ilegalmente na Europa, não são refugiados em busca de liberdade. São imigrantes económicos que desistiram dos seus países. E, como é evidente, a Europa não consegue evitar que, algures no norte de África, 500 pessoas se atirem para dentro uma embarcação precária, nem pode abrir as portas sistematicamente a esses 500, 5 mil ou 5 milhões.

Repito e insisto: o que se passou em Lampedusa foi uma tragédia que impressiona pela concentração, por ter ocorrido num acontecimento único. Muitos outros 400 já faleceram e de infelizmente muitos outros se seguirão. Outros milhares morreram e morrerão nos seus países de origem. Isto é um problema da humanidade, não é de hoje nem de ontem e não tem solução feita à pressão sob a emoção da visão dos cadáveres alinhados.

Dizer ou argumentar que neste naufrágio há uma falha da Europa é uma postura típica de uma certa Europa paternalista, mas é preciso ser claro: a responsabilidade básica por esta tragédia é dos traficantes que embarcam os africanos nestas condições, ajudados pela ignorância/ingenuidade de quem assim é enganado.

Em complemento, há também responsabilidades claras dos (des)governos nos países de origem, que potencia o fenómeno, Ainda, e do ponto de vista geo-político, podemos dizer que a Europa se calhar não fez tudo o que podia para os estabilizar, mas não está sozinha nesse campo. Junte-se, pelo menos, os EUA, a Rússia, o Brasil e a China. Colocar o custo destas tragédias na conta da política de imigração europeia, é que não faz sentido nenhum e é escamotear as reais causas e desresponsabilizar os verdadeiros culpados.

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