29 julho 2012

Manifestações e ridícularias

Uma parte do PSD ficou muito contente com a fraca adesão às manifestações “anti-Relvas” e entendeu isso quase como um branqueamento do problema. Eu não estive nessas manifestações mas acho que ele devia sair, como muita gente acha, como ele próprio deveria achar. E, se lhes chamam ridículas, seguramente mais ridículo é chamar “Doutor” a Miguel Relvas.

Quem acha que a dimensão do problema é proporcional à dimensão das manifestações está a ser conivente com esta enorme desfaçatez e a correr um risco. Pensemos nos reformados que após terem trabalhado a sério e descontado para a segurança social durante mais de 40 anos, não conseguem pagar os seus cuidados de saúde e vêm gente que após meia dúzia de meses num cargo público meramente representativo recebem, só por isso, uma pensão 2 ou 3 vezes superior à sua; pensemos em quem não consegue pagar propinas, alojamento e custos do estudo dos seus filhos e vê estes licenciados-expresso a sorrirem cinicamente na televisão afirmando que não cometeram ilegalidade nenhuma; pensemos em gente que entrega a sua casa/lar ao banco por não poder pagar as prestações e lê as notícias dos milhões tresmalhados que por aí andam perdidos de BPN’s e submarinos.

O risco é que um dias essas pessoas não irão pedir a exclusão do fruto podre de um sistema que querem e acreditam poder ser são. Um dia essas pessoas perderão o respeito por todo o sistema com consequências imprevisíveis. Se o PSD e o “sistema” no seu todo continuam a apostar no cinismo destas “inocências formais” iremos chegar a um abismo. Pode ser ingenuidade da minha parte presumir que possa ser diferente, mas que vamos para o abismo, vamos.

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