31 outubro 2006

Questão de género - parte II

Segundo estatísticas não muito antigas, que não sei se serão ainda rigorosas, 70% dos estudantes do ensino superior na Argélia são do sexo feminino. Segundo os preceitos “sociais médios”, e a média vale o que vale, a mulher não deve trabalhar depois de casar. Não vale a pena sorrir com desdém porque não é necessário recuar muitos décadas para este princípio ter sido “válido e actual” em Portugal. E, no entanto, continuam a querer estudar: que se contentarão de fazer com o curso?

A poligamia é legal desde que o marido tenha condições para a suportar. O limite é quatro mulheres, conforme regula o Corão. Uma pequena evolução legislativa recente obriga um juiz a pronunciar-se sobre o assunto.

Muita discussão sobre o véu. Há dois, o que tapa o cabelo e o que o tapa também o rosto. Em nome da liberdade uns apelam à sua proibição e, em nome da mesma palavra, outros defendem a sua utilização sem restrições. A Tunísia quer travar mesmo o que só tapa o cabelo; na Grã-Bretanha corre grande polémica com a comunidade muçulmana porque não se aceitou que uma professora falasse com um pano à frente da boca.

Na Argélia o véu está com utilização crescente. Em frente às universidades é visto a par de cabelos soltos e ombros nus. No entanto, na maior parte das vezes, não é aquela coisa encafuada e assexuada como se vê nas freiras. Tem estilo, combina com a saia comprida, com os tacões altos e mesmo com uns óculos de sol da moda. Não sei bem se é esta a intenção dos islamistas quando recomendam o seu uso...

Se juntarmos a tudo isto a proliferação de parabólicas que trazem todo o mundo a toda a gente... será que “Revolução” e “Mudança” vão ser mesmo palavras do género feminino?

3 comentários:

APC disse...

Apenas sobre o pequeno bloco: podem proibir-me de mostrar que sei, mas não me podem proibir de saber! :-)

APC disse...

Ressalva: apenas sobre o primeiro bloco.

mfc disse...

Como homem, afirmo que espero bem que assim seja!