Li recentemente no Finantial Times um artigo sobre a experiência da construção do novo e imenso terminal de Heathrow, o T5. Embora ainda falte mais de um ano para a sua entrada em serviço, e até o lavar dos cestos ser sempre vindima, os responsáveis do projecto apontam-no como um exemplo de realização perfeita, respeitando prazos e orçamentos. Se nos lembrarmos aqui/aí do Aeroporto do Porto....
Uma das novidades na implementação do projecto é os empreiteiros não terem multas contratuais. Pode parecer um contra-senso porque as penalidades por atraso foram criadas precisamente para criar pressão no sentido de os prazos serem respeitados. O “problema”, ao que parece, é que com tanta pressão, cada vez que num projecto tradicional é necessário mudar um parafuso de sítio, e num projecto desta natureza por mais cuidadoso que seja o planeamento há sempre imprevistos, a reacção/preocupação principal é conseguir mais valias/crédito de prazo/desresponsabilizar. Ou seja, em vez de se procurar uma solução para o novo local do parafuso, gastam-se as energias, isso sim, a fazer a “batata quente” saltar de mão em mão. E, desta forma, é fácil haver conflitos, tensões improdutivas e pouca fluidez no desenrolar do projecto.
Estou muito curioso em conhecer o resultado final desta experiência mas confesso que vejo com alguma simpatia esta abordagem em que os engenheiros ganham primazia aos advogados. Para isto, tem que haver cooperação e confiança. Como se gera e se gere isto num âmbito, por exemplo, de concurso público é uma grande incógnita. No mínimo só está ao alcance de um país com uma grande cultura de rigor, frontalidade e transparência.
Nota: Foto "googleada"
6 comentários:
Segundo o que li de fugida, parece que recorreram a uma empresa (UGS) possuidora de um produto (NX)que tem a capacidade de manter prazos e orçamentos e que possibilita uma prova virtual em 3D da construção de qualquer empreendimento.
Pelo que entendi, todos os diferentes grupos de trabalho, tem acesso ao mesmo produto, havendo assim uma inter-acção "in-loko".
Sendo assim, talvez seja por isso que não andem a "fazer saltar nenhuma batata quente de mão em mão", e que o Terminal 5 esteja realmente pronto na data prevista.
Teresa
O problema nunca é só de ferramentas. Ferramentas informáticas há muitas e algumas podem ajudar mais do que outras.
A diferença principal está nos processos e na atitude.
Claro, tens toda a razão! O problema nunca é só de ferramentas.
Mas na verdade, é que com boas ferramentas, os processos e as atitudes melhoram significativamente.
Cá,temos muitas ferramentas e muitas (más) atitudes para um único processo.
...olha, pode ser que mais uma vez se verifique a chamada "pontualidade britânica"
...................................
Mas tens dúvidas, que a classe de Engenharia esteja cada vez mais em primazia em relação à classe dos Advogados! Para não dizer também aos Médicos! Claro que sim! O futuro só aponta para aí!
...olha, pode ser que mais uma vez se verifique a chamada "pontualidade britânica"
...................................
Mas tens dúvidas, que a classe de Engenharia esteja cada vez mais em primazia em relação à classe dos Advogados! Para não dizer também aos Médicos! Claro que sim! O futuro só aponta para aí!
Nucha
Pressão para apresentar resultados há e tem que haver sempre.
O tipo de enquadramento e controlo é que varia conforme o contexto e, normalmente, um aumento de controlo não ocorre por bel-prazer.
Ocorre por os resultados não chegarem ou as responsabilidades não serem assumidas.
Porque é que se instalam relógios de ponto? Se toda a gente fosse responsável e chegasse a horas seriam completamente desnecessários!!
No mundo ideal não haveria polícia mas, por agora, não me apetece dispensá-la...:)
Enviar um comentário