E lá passou mais um aniversário do 25 de Abril com o seu cortejo de discursos e comentários dos seus donos, herdeiros, adoptados e enteados. As leituras políticas, enquanto as houver, serão naturalmente distintas. No 24 de Abril um líder do PC seria um provável preso político; um do PS seria um provável exilado; um do PSD seria provável deputado de uma tímida oposição e um do CDS seria um provável ministro da situação. Seria bom, sobretudo para quem não o viveu, que o 25 de Abril fosse comemorado pelo seu futuro, pela positiva e não em evocações cansadas, enfáticas e quase saudosistas.
Felizmente ou infelizmente caminhamos para a situação de “25 de Abril” vir a ser principalmente sinónimo de feriado e nome de ponte. Da mesma forma como muitos feitos e personalidades relevantes acabaram por ser mais conhecidos pela toponímia de uma homenagem qualquer do que pelos factos originais. Quando Roland Garros terminou a travessia aérea pioneira do Mediterrâneo, de França para a costa africana, não imaginaria que ficaria para a posterioridade associado ao ... ténis!
Para mim o 25 de Abril foi a garrafa de espumante que se abriu lá em casa e o brinde à “mudança”. Mudança sem mais. Talvez para pior, talvez para melhor, mas uma mudança que, só por si, era para comemorar.
Ficaram-me alguns episódios mais. O embaraço da minha mãe quando antes do 25 lhe perguntei o que queria dizer “política”. Num país em que havia uma só política que não se comentava nem, muito menos, se contestava, era difícil dar essa explicação. Depois do 25, ao ouvir na televisão alguém zurzir no governo, os meus pais olhavam em volta inquietos. O simples facto de estar em frente a uma televisão em que alguém dizia “ O Sr Ministro não tem razão!” era já subversivo e potencialmente perigoso.
Também quase subversiva era a “Pedra Filosofal” de António Gedeão: “Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida”.
O 25 de Abril para mim fica como o momento emocionante e único de uma enorme esperança colectiva e ingénua, de uma grande vontade de mudança e da capacidade de acreditar no “sonhar”. Falhou muita coisa. A esperança por si só não basta.
Hoje, como sempre, a chave da mudança está na atitude. Apesar do resto e das excepções, o meu 25 de Abril é essa atitude. É o recordar que “sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança, como uma bola colorida, entre as mãos de uma criança”. Não basta sonhar mas é por aí que temos sempre que começar e acreditar.
Felizmente ou infelizmente caminhamos para a situação de “25 de Abril” vir a ser principalmente sinónimo de feriado e nome de ponte. Da mesma forma como muitos feitos e personalidades relevantes acabaram por ser mais conhecidos pela toponímia de uma homenagem qualquer do que pelos factos originais. Quando Roland Garros terminou a travessia aérea pioneira do Mediterrâneo, de França para a costa africana, não imaginaria que ficaria para a posterioridade associado ao ... ténis!
Para mim o 25 de Abril foi a garrafa de espumante que se abriu lá em casa e o brinde à “mudança”. Mudança sem mais. Talvez para pior, talvez para melhor, mas uma mudança que, só por si, era para comemorar.
Ficaram-me alguns episódios mais. O embaraço da minha mãe quando antes do 25 lhe perguntei o que queria dizer “política”. Num país em que havia uma só política que não se comentava nem, muito menos, se contestava, era difícil dar essa explicação. Depois do 25, ao ouvir na televisão alguém zurzir no governo, os meus pais olhavam em volta inquietos. O simples facto de estar em frente a uma televisão em que alguém dizia “ O Sr Ministro não tem razão!” era já subversivo e potencialmente perigoso.
Também quase subversiva era a “Pedra Filosofal” de António Gedeão: “Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida”.
O 25 de Abril para mim fica como o momento emocionante e único de uma enorme esperança colectiva e ingénua, de uma grande vontade de mudança e da capacidade de acreditar no “sonhar”. Falhou muita coisa. A esperança por si só não basta.
Hoje, como sempre, a chave da mudança está na atitude. Apesar do resto e das excepções, o meu 25 de Abril é essa atitude. É o recordar que “sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança, como uma bola colorida, entre as mãos de uma criança”. Não basta sonhar mas é por aí que temos sempre que começar e acreditar.
1 comentário:
«Talvez o mérito do resultado da revolução se possa medir também por esta possibilidade de "esquecer", ou, dito de outro modo, pela "falta de necessidade de recordar", pela memória voluntária, pela imensa liberdade que isso representa!...»
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