07 fevereiro 2006

Ingenuidade arrogante

Declaro, para começar e ser claro, que gosto muito de viver na Europa e que não gostaria nada de viver na Síria ou no Irão.

Se houver uma disputa em curso, não há duvida nenhuma de que estamos muito à frente economicamente e humanisticamente e, por isso mesmo, não devemos, nem necessitamos, ser arrogantes. Eles sabem bem que estamos à frente e pode ser muito perigoso humilhar quem se sente diminuído. Os grandes devem ser magnânimos, não mesquinhos, e firmeza não se deve confundir com altivez.

Os desenhos controversos foram publicados em Setembro passado. A contestação aparece agora no momento em que a comunidade internacional aperta a Síria pelo seu programa nuclear. Será coincidência? Ao deixar crescer a polémica e ao comprar esta guerra estamos a ser ingénuos.

Há gente perigosa do “lado de lá”, mas também há muita gente muito miserável. E é para estes últimos que temos que olhar e decidir se estamos contra ou se estamos com eles. Invocamos a liberdade de expressão à mesa de um café. Importantíssimo, claro! Mas, esquecemos que gastamos mais nesse café do que os desgraçados que queimam as bandeiras da Dinamarca têm para se alimentarem cada dia. Falamos da bondade da nossa democracia, quando esse democracia, nesses países, não parece conduzir a nada de bom. Uma vez mais, ingénuos.

Há um problema em curso que pode ter repercussões terríveis conforme Nova Iorque, Madrid e Londres já testemunharam,. E é um problema tão grande que não deveria dar espaço para ingenuidades.

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