O Carnaval, o último dia antes da Quaresma, o da carne que se vai, tem uma referência claramente religiosa na sua origem e data. Mas é um pouco também uma antítese da mesma.
Ao marcar o início de uma interdição, ele abre as portas a extraordinárias permissões, onde se poderá ser o que no resto do ano não é possível. As máscaras físicas ou de atitude são um escape, como uma última longa inalação de oxigénio antes de um grande mergulho em apneia.
Da simplicidade ancestral e algo rude de Lazarim ou Podence
à sofisticação de Veneza; da exuberância tropical e deslumbrante do Rio às
caricatas e provocadoras imagens, muitas vezes de gosto duvidoso, o fundo da
motivação é o mesmo. Ser diferente e talvez um pouco como no fundo se gostaria de ser.
Não sou de corsos, nem de participar nem de assistir, * mas
reconheço que a energia que move tantas militâncias nesta causa tem algo de
regenerador e vital.
* Nota adicional em 22/2: aqui faltou acrescentar "nem de correr o farrapão".
Sem comentários:
Enviar um comentário